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Armando Burd 30 anos de um lance errado

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

A cada começo de campanha presidencial, ressurgem propostas para solução de males. Uma delas é com relação ao que o governo federal deve aos bancos.
A fórmula da moratória foi posta em prática a 20 de fevereiro de 1987, sob alegação da falta de dinheiro para honrar as parcelas. Em rede nacional de rádio e TV, o presidente José Sarney, seguindo orientação do ministro da Fazenda, Dilson Funaro, anunciou a suspensão por tempo indeterminado do pagamento dos juros da dívida externa. Afirmou que “não era uma atitude de confronto”. Claro que os credores discordaram, sobretudo porque o governo não tentou negociar. O montante principal não era pago há anos. Com 107 bilhões de dólares pendurados, o Brasil era o maior devedor do mundo entre os países em desenvolvimento.

TENTATIVA

No pronunciamento, que hoje completa 30 anos, Sarney se referiu aos passos seguintes: “O governo só gastará o que arrecadar e as empresas estatais farão investimentos apenas com recursos gerados por suas próprias receitas”. Isso jamais foi alcançado.
Pediu ainda a todos os brasileiros “patriotismo responsável. Nada de traição ao País sob pretexto de criticar o governo”. Também não conseguiu.

FORA FMI

Surgiram fortes críticas à moratória, usada como forma de esconder o fracasso do Plano Cruzado. Havia uma percepção equivocada em Brasília de que a população apoiaria o calote contra as instituições financeiras. Dizer não ao Fundo Monetário Internacional era palavra de ordem para muita gente. Não funcionou como era esperado por Sarney.

O PREÇO

As consequências mais forte foram a queda da confiança e o choque na Economia. A crise não só atingiu o setor bancário, mas também as empresas, porque as linhas internacionais de crédito desapareceram rapidamente.

RETOMADA

Na sequência da moratória, salários e empregos tiveram queda e a inflação subiu. A tensão só terminou em novembro de 1987, quando houve acordo para a retomada do pagamento. Na véspera do Ano Novo, o Brasil repassou 1 bilhão e 100 milhões de dólares. Em troca, os bancos credores liberaram empréstimo de 3 bilhões de dólares e a conta não parou mais de aumentar.

DOIS LADOS DA MOEDA

Empresas privadas de capital aberto têm obrigação por lei de publicar seus balanços, em que revelam a situação patrimonial e financeira. No setor público, fica tudo exposto nos orçamentos anuais aprovados pelo Poder Legislativo e fiscalizado pelo Tribunal de Contas.

FALTA DE PERCEPÇÃO

É difícil entender como a sociedade ficou anestesiada por mais de 30 anos e não percebeu que os orçamentos do Estado, apesar de alguns avisos, como um navio tenha acelerado em direção à zona dos icebergs. A colisão se tornou inevitável e não há coletes de salva-vidas para todos.

RÁPIDAS

* Nos 20 metros entre o Palácio Piratini e a Assembleia Legislativa estão sendo rodadas cenas do filme Aliados na Rota de Colisão.

* Unidos na penúria: técnicos do Palácio Piratini monitoram o que acontece no Rio de Janeiro: a última parcela dos salários de janeiro será paga a 15 de março pelo governador Pezão.

* O modelo de reforma tributária do governo Temer é mais um esforço de aperfeiçoamento do obsoleto.

* A marchinha Me dá um Dinheiro Aí acompanha os foliões há quase seis décadas. Agora, será o carro-chefe do Bloco Prefeitos & Governadores na Penúria.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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