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Geral 547 casos de violência infantil em coral católico alemão: Quase 70 membros sofreram abusos sexuais. O coro era dirigido pelo irmão do papa emérito Bento XVI

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O advogado Ulrich Weber apresentou relatório nesta terça-feira (18). (Foto: Armin Weigel/AFP)

Ao menos 547 membros de um prestigiado coral de meninos católicos alemão sofreram abusos físicos ou sexuais entre 1945 e 1992, revela relatório divulgado nesta terça-feira (18). Entre 1964 e 1994, o coro Regensburger Domspatzen foi dirigido pelo reverendo Georg Ratzinger, irmão mais velho do Papa Emérito Bento XVI.

“Todo o sistema de educação era orientado para alcançar conquistas musicais e o sucesso do coro”, diz o relatório. “Ao lado das motivações pessoais, motivos institucionais — a saber, quebrar o arbítrio das crianças com o objetivo de disciplina e dedicação máximas — formavam a base para a violência.”

O caso veio à tona em 2010 e, cinco anos depois, o advogado Ulrich Weber foi indicado para produzir um relatório, apresentado agora. Foram colhidas evidências que 547 meninos, “com alto grau de plausabilidade”, foram vítimas de abusos físicos, sexuais ou ambos. Foram relatados 500 casos de violência física e 67 de violência sexual, cometidos por 49 pessoas.

Segundo Weber, os meninos eram alunos do coral entre a pré-escola e o ensino médio. Nos depoimentos aos advogados, as vítimas relataram que o período que viveram no Regensburger Domspatzen foram “os piores das suas vidas, marcados pelo medo, pela violência e pela falta de ajuda”.

Ratzinger reconheceu os tapas dados nos meninos após assumir a direção do coral, mas tais punições eram comuns na Alemanha da época. Ele também confirmou que estava ciente das alegações de abuso físico, e não fez nada sobre o assunto, mas negou conhecimento sobre abusos sexuais. Segundo o relatório, Ratzinger falhou “em particular por ‘desviar o olhar’ ou por não intervir”.

Weber também citou críticas feitas pelas vítimas aos esforços precários da diocese de Regensburg de investigar abusos do passado. O bispo Gerhard Ludwig Müeller, responsável pela diocese quando o caso surgiu, tem “clara responsabilidade pelas fraquezas estratégicas, organizacionais e comunicativas”.

Müeller assumiu o comando da Congregação para a Doutrina da Fé em 2012, indicado pelo papa Bento XVI, mas foi removido do posto em julho deste ano pelo papa Francisco. Além da polêmica envolvendo a Diocese de Regensburg, o cardeal alemão fez declarações públicas contrárias questionando a intenção do pontífice de adotar postura mais benevolente aos divorciados, tradicionalmente considerados pecadores.

O atual bispo da diocese de Regensburg, Rudolf Voderholzer, já anunciou plano de oferecer às vítimas compensações financeiras entre 5 mil e 20 mil euros até o fim deste ano.

A “cultura do silêncio” reinava no coro, onde a proteção da instituição parecia prevalecer, estima Weber.

Em 2010, um ex-membro do coro, o maestro e compositor alemão Franz Wittenbrink, testemunhou à revista alemã Der Spiegel a violência, da qual Georg Ratzinger era capaz, citando, mais amplamente, um “sistema de castigos sádicos ligados ao prazer sexual”.

Este escândalo é mais um dos muitos a sacudir a Igreja Católica nos últimos anos. Bento XVI e seu sucessor Francisco pediram perdão pelos casos de pedofilia que abalaram o clero.

Na Alemanha, uma escola jesuíta em Berlim também esteve no centro de um escândalo de pedofilia, depois que a própria instituição admitiu os abusos sexuais sistemáticos cometidos por dois padres contra os alunos nos anos 1970 e 1980.

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