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Colunistas A Acupuntura Médica não está relacionada à religião

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O mecanismo de ação da Acupuntura funciona a partir da inserção da agulha que estimula terminações nervosas presentes na pele e nos tecidos subjacentes, principalmente nos músculos. (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

A Acupunturiatria, especialidade médica correlacionada à execução dos procedimentos de acupuntura, está fundamentada em princípios da fisiologia e da fisiopatologia dos corpos humanos e de animais.

O mecanismo de ação da Acupuntura funciona a partir da inserção da agulha que estimula terminações nervosas presentes na pele e nos tecidos subjacentes, principalmente nos músculos. Esses estímulos seguem pelos nervos periféricos até o sistema nervoso central (medula e cérebro), o que faz liberar diversas substâncias químicas conhecidas como neurotransmissores que desencadeiam uma série de efeitos importantes, tais como, analgésico, anti-inflamatório e relaxante muscular, além de uma ação moduladora sobre as emoções, os sistemas endócrino e imunológico e sobre várias outras funções orgânicas.

Tudo isso tem sido minuciosamente investigado no decorrer dos últimos cinquenta anos, por meio de uma literatura científica extremamente bem documentada. Nos dias atuais, as intervenções feitas por médicos acupunturiatras têm uma precisão anatômica cada vez mais cirurgicamente apurada, e seu desenvolvimento é potencializado por meio de estímulos produzidos por eletroestimuladores sofisticados, por emissores de raios lasers de baixa intensidade e por meio de infiltrações de determinados fármacos.

No entanto, suas primeiras e primitivas intervenções ocorreram há milhares de anos, na antiga China, baseadas em metodologias empíricas e, portanto, de tentativa e erro. Sistematicamente, os antigos médicos chineses foram colecionando, anotando e publicando livros sobre sua prática e seu sucesso. E, obviamente, não utilizavam a linguagem e o conhecimento de hoje, mas o discurso, a maneira de organizar as informações e as metáforas clássicas e correntes com aquela civilização milenar, conhecidas academicamente com a denominação de pensamento “taoísta” e de pensamento “confucionista”. Dessa maneira, todas as descrições dos fenômenos naturais em geral ou dos fenômenos corporais são feitas baseadas naquele tipo de discurso e de suas referências por analogias, metáforas e alegorias clássicas da época.

Por isso, sua arte é descrita nesses termos singulares, sua culinária também, bem como as teorias de como administrar o Estado, como lutar numa guerra, como plantar e colher ou criar gado, como se portar socialmente ou religiosamente, etc. E assim, os conhecimentos médicos são descritos nos mesmos termos e com fluxos de raciocínios peculiares.

Isso apenas demonstra a perpétua busca humana de descrever e explicar os fenômenos relacionados à saúde, à doença e aos tratamentos médicos, e que inevitavelmente vai utilizar os códigos de linguagem e os fluxogramas de raciocínios hegemônicos da civilização em que se está vivendo. Isso nada tem a ver com religião, com crenças sobrenaturais, com suposições teológicas ou com práticas ritualísticas religiosas.

O mesmo acontece com nossa contemporânea linguagem e forma racional de descrever os fenômenos gerais e concernentes à medicina: usamos, até hoje, códigos e sistemáticas aristotélicas, formulados quatro séculos antes da Era Cristã, acrescentados aos formulados por Descartes e Newton no século XVII. Isso não significa que nosso pensamento médico e científico atual seja “pagão”, ou baseado em crenças religiosas gregas antigas. Apenas significa marcos de linguagem, de metáforas e de organização de ideias, ocorridas hegemonicamente em nossa civilização, por determinadas raízes históricas.

Assim, a acupuntura surgiu há milênios, sendo então descrita com uma linguagem histórica de época; e, atualmente, é também descrita com o discurso contemporâneo. Seus fenômenos e efeitos terapêuticos independem dessas descrições e falam eloquentemente de sua eficiência por si próprios; numa futura civilização, igualmente descreveremos e explicaremos a ação da acupuntura utilizando os códigos de linguagem e os novos avanços do conhecimento das épocas vindouras.

* Dr. Fernando Genschow, presidente do CMBA (Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura).

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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https://www.osul.com.br/a-acupuntura-medica-nao-esta-relacionada-a-religiao/ A Acupuntura Médica não está relacionada à religião 2019-05-04
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