Quinta-feira, 28 de março de 2024
Por Redação O Sul | 29 de março de 2016
Qualquer medicamento deve ser submetido a rigorosos testes e autorizado pelos órgãos de saúde antes de chegar a farmácias ou hospitais. Deputados federais e senadores, porém, não pensam assim. O projeto de lei que permite fabricar e distribuir a fosfoetanolamina sintética foi aprovado pelo Congresso e vai ser submetido à presidenta Dilma Rousseff.
Fruto de pesquisa do Instituto de Química da Universidade de São Paulo, a substância foi distribuída no local, e relatos de pacientes dizendo que as “pílulas do câncer” reduziram os tumores foram para a internet e geraram pressão pela produção em larga escala. Mas a molécula não teve sua eficácia comprovada. Só agora estão sendo feitos testes, financiados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Para obter a substância, o paciente só precisará comprovar a doença com laudo médico e assinar um termo de responsabilidade.
Para o oncologista Carlos Gil, especializado em pesquisas sobre novos fármacos, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) está sendo humilhada pelo Congresso. “Mesmo se a lei não for sancionada, a aprovação dos parlamentares já representa um dano irreparável para a ciência brasileira. É uma decisão demagógica. Preocupa muito essa interferência num processo de liberação de medicamentos”, disse.
Ainda segundo Gil, a expectativa da comunidade científica é que a Dilma vete a lei. “Os parlamentares estão pensando no ganho político, e não na segurança da população. O medicamento pode até não ser tóxico, mas pode ser inócuo. É preciso gerar fatos para estabelecer sua eficácia contra o câncer”, avaliou. (AG)