Sábado, 20 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 9 de dezembro de 2018
A bancada da bala é uma das que têm mais afinidade com o presidente eleito, Jair Bolsonaro. Com 299 integrantes, tem entre seus principais objetivos a flexibilização do Estatuto do Desarmamento, a redução da maioridade penal e o endurecimento do Código Penal. Além disso, os integrantes da bancada da bala tentam entrar na disputa pela presidência da Câmara, com a candidatura do deputado Capitão Augusto (PR-SP).
O grupo visa ainda ao comando das comissões de Constituição e Justiça — a mais importante da Casa — de Segurança Pública e de Direitos Humanos. Para conquistar esse último colegiado, quer fazer dobradinha com os evangélicos. No Senado, onde não havia um alinhamento ao grupo, a expectativa é atrair 18 parlamentares para a frente.
Articulação com o Congresso
Desde que começou a anunciar ministros para seu futuro governo, Jair Bolsonaro manteve a promessa de não receber indicações de partidos políticos. Na campanha eleitoral, o então candidato colocou em primeiro plano, para articulação com o Congresso, a conversa com as bancadas temáticas, como ruralistas e evangélicos. Essas frentes, inclusive, foram consultadas para a escolha dos comandos de algumas pastas. Porém, o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e o presidente eleito já dão sinais de que eles próprios acreditam que o apoio dessas bancadas será insuficiente para construir uma maioria governista no Congresso.
Na Câmara, há 342 frentes parlamentares registradas. A maioria passa despercebida pelos próprios deputados. São grupos como a Frente da Erva-mate; a Frente em Apoio à Duplicação da BR-251, no trecho entre Montes Claros e Salinas (MG); a Frente em Defesa da Capoeira; a Frente em Defesa da Indústria e Comércio de Moto-Peças; e outras tantas formadas por interesses específicos.
Dado o universo difuso de interesses defendidos por essas frentes temáticas, Bolsonaro já teve as primeiras reuniões com as bancadas de partidos políticos. Trata-se de uma inflexão nos planos iniciais para tentar garantir uma base no Congresso que lhe dê governabilidade. Mesmo assim, o futuro governo promete ter forte interlocução com algumas bancadas temáticas, como a ruralista, a evangélica e a da bala.
O grupo mais fortalecido desde a eleição é o ruralista. Embalado na Frente Parlamentar Agropecuária, o grupo é também um dos mais numerosos — ao todo são 255 parlamentares (entre deputados e senadores). A frente conta com uma sede no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, onde se reúne toda terça-feira para um almoço. Formada majoritariamente por proprietários de terras, o grupo acabou virando um braço do Ministério da Agricultura no Legislativo. Com a ascensão da atual coordenadora da frente, deputada Tereza Cristina (DEM-MS), à posição de ministra, esse vínculo vai se aprofundar ainda mais.
A partir do ano que vem, o coordenador do grupo será o deputado Alceu Moreira (MDB-RS), que lista como prioridades a aprovação de um amplo conjunto de leis sobre uso da terra e a questão indígena. “Estamos muito presos a conflitos fictícios. A agricultura não é inimiga do meio ambiente, são complementares. Precisamos deixar muito claro aquilo que o produtor pode fazer na sua terra sem sofrer represália do fiscal ambiental”, defende.