Mundo A Califórnia e Nova York tendem a defender um maior controle de armas enquanto estados conservadores, como Texas e Tenessee, apoiam a menor regulamentação possível para o uso de armamento
Por Redação O Sul | 9 de outubro de 2017
Em geral, locais mais progressistas dos Estados Unidos, como Califórnia e Nova York, tendem a defender um maior controle de armas e votam em democratas, enquanto estados conservadores, como Texas e Tennessee, apoiam a menor regulamentação possível para armamento e escolhem republicanos nas eleições. Mas Nevada — onde fica Las Vegas, que há uma semana foi palco do maior ataque a tiros do país — foge à regra: é progressista e tem uma cultura de armas das mais fortes. A peculiaridade gera desafios únicos para os grupos que defendem restrições a armamento.
“Defendo o controle de armas, mas tenho uma pistola, uma Springfield Armory XD 45. Não queremos acabar com o direito ao porte de armas ou a cultura de ninguém, mas precisamos de controle para evitar novas tragédias”, afirmou Annette Magnus-Marquart, diretora-executiva do Battle Born Progress Institute for a Progressive Nevada. “Precisamos de checagens de antecedentes criminais mais precisas e de um cadastro nacional de donos de armas, e temos que proibir fuzis semiautomáticos.”
Mãe com fuzil AR-15
Ao mesmo tempo em que legalizou o uso recreativo da maconha, votou majoritariamente nas últimas três eleições presidenciais em democratas e convive bem com o ambiente de jogos, extravagâncias e até de prostituição em Las Vegas, a população do estado não abre mão de suas armas. Nos memoriais criados após a chacina de domingo, havia muitas mensagens de amor, esperança e união, mas eram raríssimas as que citavam o controle de armamento.
“Há uma mãe do grupo Moms Demand Action for Gun Sense in America (Mães exigem ação para consciência sobre armas nos EUA) que tem um AR-15, ou seja, um fuzil”, afirmou o pastor Ender Austin, um dos organizadores da vigília que reuniu cerca de cem pessoas na noite de quinta-feira em Las Vegas, no primeiro ato pelo controle de armas desde a tragédia de domingo, quando Stephen Paddock matou 58 pessoas e feriu mais de 500 atirando de um hotel contra a multidão que assistia ao festival de música country.
Elizabeth Becker, uma das principais ativistas do controle de armas do estado, lembra que muitas pessoas da área rural de Nevada estão em casa isoladas e têm que se proteger, não apenas de bandidos, mas até de coiotes. Além disso, a caça é comum na região.
“Não podemos nos esquecer: estamos no Oeste selvagem. Conheço uma pessoa que tem 16 armas e usa todas elas, uma para cada tipo de caça. Mas sei que ninguém usa um fuzil para pegar patos.”
Voto por checagem de antecedentes
Ano passado, os eleitores de Nevada aprovaram, por pequena margem, ampliar o sistema de checagem de antecedentes criminais, mas até agora isso não foi implementado, pois o governador Brian Sandoval e seu procurador-geral, Ad Laxalt, afirmam que a determinação do referendo não pode ser cumprida, o que é rejeitado pelos ativistas.
O fato de esta ser a primeira grande tragédia com armas de fogo no estado tende a mobilizar mais os ativistas. A aposentada Terri Nordblue, uma das pessoas que na noite de quinta-feira foram acender velas e levantar cartazes contra a violência armada, estava esperançosa.
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