Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 4 de agosto de 2018
O Ministério do Comércio da China anunciou que pretende impor tarifas entre 5% e 25% sobre 60 bilhões de dólares em 5.207 produtos importados dos Estados Unidos. Pequim afirma que sua medida é racional e contida e que a implantação ou não dela dependerá das ações dos EUA
A China ameaçou elevar as taxas sobre as importações depois que o governo americano ameaçou aumentar de 10% a 25% as tarifas de importações de produtos de chineses, em um valor de 200 bilhões de dólares.
Os dois países protagonizam há vários meses uma guerra comercial, desde que o governo dos Estados Unidos acusou a China de práticas comerciais desleais e de roubo de tecnologia. Em declarações à margem do fórum econômico da ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático) em Singapura, Wang Yi afirmou que a ameaça da China é “plenamente justificada e necessária”.
“Estas medidas são adotadas para defender os interesses do povo chinês e do sistema de livre comércio global”, apoiado pela OMC (Organização Mundial do Comércio), afirmou Wang Yi.
Wang também respondeu as declarações de um assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, que ironizou a ameaça econômica da China ao chamá-la de “frágil” e disse que a segunda maior economia do mundo tem “problemas” importantes.
“Se a economia da China vai bem ou não, acredito que está claro para a comunidade internacional global”, disse Wang, antes de afirmar que o país contribui muito para o crescimento mundial. “Não vejo porque chegou à conclusão de que a economia da China não vai bem”, completou.
Em julho, o governo dos Estados Unidos adotou tarifas de 25% sobre bens chineses importados equivalentes a 34 bilhões de dólares. Outros produtos, no valor de 16 bilhões, serão afetados por uma medida similar nas próximas semanas. Poucos dias depois, Washington anunciou uma lista de outros produtos chineses no valor de 200 bilhões de dólares que podem ser afetados por tarifas de importação de 10%.
Entenda a crise
Há anos, os EUA reclamam de um considerável déficit comercial (que é a diferença do volume exportado entre os dois países) com a China. A meta de Trump era reduzir em pelo menos US$ 100 bilhões o rombo com a China.
Os EUA defendem que o país asiático rouba propriedade intelectual, especialmente no setor de tecnologia, além de violar segredos comerciais de empresas americanas, gerando uma concorrência desleal com o resto do mundo. Por isso, o combate aos produtos “made in China” é uma bandeira de campanha de Trump que recebeu o apoio de vários países.
O tiro inicial foi dado em abril, quando os EUA anunciaram tarifas de US$ 50 bilhões sobre 1,3 mil produtos chineses, alegando violação de propriedade intelectual. Em resposta, a China impôs tarifas de 25% sobre 128 produtos dos EUA, como soja, carros, aviões, carne e produtos químicos.
Desde então, os dois países não pararam de trocar novas ameaças e agravaram a guerra comercial. Guerras comerciais começam quando um país impõe tarifas comerciais à importação de outro, que responde sobretaxando os produtos do concorrente.