Terça-feira, 23 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 4 de junho de 2018
Com as indicações de que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) deve indeferir o registro da candidatura de Lula, a defesa do petista torce por uma decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) que possa constranger o tribunal.
Acionado pelo ex-presidente, o colegiado internacional admitiu avaliar artigo que trata do direito de votar e de ser eleito. A aposta dos advogados de Lula é que uma decisão da ONU favorável a ele, ainda que posterior ao resultado da disputa deste ano, poderia alimentar discurso sobre a ilegitimidade da eleição.
Caso Cabral
Lula não deixará a sede da Polícia Federal em Curitiba, onde está preso desde o dia 7 de abril, para prestar depoimento como testemunha do ex-governador Sérgio Cabral. A pedido da defesa, Lula não se deslocará até o prédio da Justiça Federal, e seu depoimento será prestado ao juiz Marcelo Bretas na própria PF.
Marcado há duas semanas, o depoimento acontece nesta terça-feira. O pedido para que Lula não deixasse a PF partiu de seus advogados, e foi aceito pelo Ministério Público Federal. Desde a determinação de sua prisão, o presidente tem demonstrado preocupação em evitar exposição de sua imagem como presidiário. Essa já havia sido a preocupação da defesa na ocasião em que Lula se entregou à Justiça, quando passou cerca de 48 horas entrincheirado no prédio do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo.
Para o depoimento de Lula na PF, equipamentos de videoconferência já foram levados para o prédio da Polícia Federal. Cabral foi autorizado a deixar o complexo penitenciário de Bangu para acompanhar o depoimento de Lula na sala de videoconferência com Bretas.
Lula é testemunha de defesa de Cabral no processo da Operação Unfair Play, em que o ex-governador é acusado de participar de um esquema de compra de votos para fazer do Rio de Janeiro a sede da Olimpíada em 2016. É a mesma ação penal que levou à prisão do então presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Carlos Arthur Nuzman.
Plano B
A decisão do STF de acabar com a prerrogativa de foro para congressistas ampliou as opções de “plano B” no PT caso o ex-presidente Lula seja impedido de disputar a eleição. Alvo da Lava-Jato, a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, entrou na lista de cotados. Ela tem sinalizado que irá disputar vaga de deputada federal, mas, sem a garantia de que manterá seus casos no Supremo, pode acabar assumindo a vaga de candidata ao Planalto. Jaques Wagner, também investigado, planeja disputar o Senado e diz que não aceitará outra missão.
Gleisi e Wagner seriam os únicos que, na avaliação de Lula, teriam coragem de assinar o indulto para livrá-lo da prisão e de rever a lei da delação premiada. Fernando Haddad não cumpriria tarefas como essas.