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Brasil A desvalorização do real em relação às moedas dos países que mais têm comércio com o Brasil prejudica a retomada do crescimento

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A depreciação da taxa de câmbio tem impacto negativo sobre as expectativas de consumidores e empresários. (Foto: Pixabay)

O Banco Central calcula que, de fevereiro de 2017 a março deste ano, o real teve desvalorização, em termos reais (descontada a inflação), de 15%. Neste mês, a depreciação se intensificou – a MCM Consultores Associados estima que a depreciação já está em 17%.

A perda de valor do real aumenta o custo de capital das empresas, uma vez que encarece as importações de máquinas e equipamentos. Isso afeta negativamente a taxa de investimento, em meio a um cenário de incertezas quanto ao resultado da eleição presidencial.

A depreciação da taxa de câmbio também tem impacto negativo sobre as expectativas de consumidores e empresários. “Tendo a dar mais importância às expectativas, que não são algo mensurável, tanto pensando em inflação como em câmbio”, diz o chefe do Centro de Estudos Monetários do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas. “O estado de espírito mobiliza os recursos para os fins produtivos. O desconforto está aumentado e essa é a grande ameaça”.

Analistas reconhecem, porém, que um real mais fraco não é algo totalmente negativo para a economia. Alguns setores, sobretudo o exportador de bens industriais, ficam mais competitivos no mercado internacional, uma vez que, na prática, a desvalorização da moeda reduz seus preços em dólar e o salário real dos trabalhadores. No caso das commodities, o efeito positivo ocorre por meio do aumento da renda dos produtores, tanto das agrícolas quanto das metálicas.

O benefício ao setor exportador, mesmo com a desvalorização, acaba sendo limitado porque a participação do comércio exterior no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro é modesta, 10%. Como a Formação Bruta de Capital Fixo, que reflete a compra de máquinas e equipamentos e os gastos com construção e inovação, equivale a 16% do PIB, o impacto negativo da desvalorização do real é maior sobre os investimentos.

Nos cálculos do Santander, uma desvalorização de 10% da taxa real de câmbio reduziria a participação do investimento no PIB em 1,2 ponto percentual ao fim de quatro trimestres. Para o número final do PIB, isso equivale a um crescimento 0,25 ponto percentual menor ao término de um ano.

“Uma desvalorização contínua e forte do câmbio real piora confiança, piora o cenário para captações externas, eleva dívida em moeda estrangeira… Ou seja, se torna um elemento bastante desfavorável para a expansão do investimento”, diz Adriana Dupita, economista do Santander. Para ela, o investimento está associado à confiança, que por sua vez se correlaciona com as dinâmicas dos ativos financeiros. Por ora, Adriana mantém estimativa de crescimento do PIB neste ano em 3,2%, mas admite que o viés é “de baixa”.

Desde fevereiro de 2017 (pico recente), o câmbio efetivo real deflacionado pelo IPA-DI se desvalorizou 15%, segundo dados do Banco Central. Embora não se considere que a desvalorização corrente da taxa de câmbio reflita uma deterioração expressiva dos fundamentos do Brasil, a queda mais intensa do real comparado a seus pares indica que, no mínimo, investidores entendem que o atual patamar de risco doméstico é condizente com um câmbio mais fraco.

Em 12 meses, o câmbio real brasileiro cai 3,64%, segundo dados do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), que utiliza metodologia diferente da do Banco Central. A queda parece moderada, mas destoa fortemente da valorização de divisas de vizinhos latino-americanos, como peso colombiano (21,36%), sol peruano (6,79%), peso chileno (6,67%) e peso mexicano (4,62%).

A resposta para a pergunta se o câmbio depreciado é expansionista ou contracionista para a atividade vai depender muito da forma como a conta é feita. Mas a literatura mais recente anda na direção de que taxas de câmbio que apreciam tipicamente estão associadas a momentos de maior crescimento econômico, diz Livio Ribeiro, pesquisador do Ibre- FGV.

Dada a falta de previsibilidade quanto às eleições presidenciais do segundo semestre, o que se percebe é um mercado que entra em “modo espera” até pelo menos outubro. “E isso é um sintoma de que momentos difíceis podem estar à frente”, diz Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.

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