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Colunistas A falsa igualdade

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Na caminhada célere pela História, sendo obrigado a passar por cima de sequência e consequência que valeria a pena destacar, obrigo-me a sublinhar por sua magnitude, o advento de Cristianismo. Por perseguido e também porque, de início, não fazia praça de um compromisso de resgate da figura feminina, deixa de lado, no baú dos tempos, a missão que não assumiu, sem confessar o pecado. Em parte, se entendia que talvez quisesse mas não pudesse (é a interpretação do “perdão” em favor de quem “inventou” o perdão). Não faltou quem, de outro lado, jogando lama na relação Jesus x Maria Madalena tentasse fazer desse episódio uma prova de subordinação e de desimportância da Mulher que, mesmo para quem se “apresentava” como filho de Deus, não reservou prioridade de tratamento. No caso, para a Mulher.

Enfim, mesmo sobrevoando o tema, a “vol d’oiseaux”, ante a verdade histórica, questionável e discutível, não se registra afirmativa de que o Cristianismo tenha tido algum posicionamento em que a Mulher fosse enfaticamente prestigiada. No entanto, é de admitir que o registro do passado permitiria verificar que houve episódios em que ela, pelo menos, teria sido protegida. Menos do que seria devido, algo mais do que, naquela época, a postura machista, como regra, aceitaria.

Chega-se, atropelado e atropelando, a uma etapa em que, pelas contas confiáveis mas não precisas… – mesmo sem uniformidade de crenças e valores, mas numa simbiose (imperfeita, mas ainda assim simbiose) enfim, chega-se a uma estrutura baseada no trabalho e na transposição daí decorrente. É o Poder alicerçado no coletivo.

Tal contexto, que valorizava, no convívio rotineiro, um regramento quase despótico, gerou uma instituição chamada Corporação. Coube a ela regular a economia (tanto a produção quanto o consumo) e, ao mesmo tempo, exercitar o Poder Político e ditar os inflexíveis procedimentos religiosos.

A vida da Corporação acontecia nas oficinas, onde reinava o Mestre. Ganhara esse poder vencendo um rigoroso concurso, que lhe assegurava, seguindo o caminho da meritocracia, o direito de exercer, vitalício, a posse e gestão da “fábrica “ artesanal. Nela, o Mestre tinha o auxílio dos “companheiros”. Deles, por ínvios caminhos, surgiriam as companhias.

Faziam o que fariam os empregados, mas não eram empregados. Tinham uma importância atribuível aos sócios, mas não eram sócios. Foi um tempo em que se era o que se fazia. Tempo extremado do “homem profissão”.

Foi no iniciar desse tempo que se cria, em Bolonha, a primeira Universidade porque se passou a acreditar na sistematização do saber. Foi no seu amplo período – Idade Média, tão mal amada mas também tão valiosa – que se lutou pela fé, nas intermináveis e cambiantes Cruzadas; foi quando se descobriu que se podia valorizar a informação, mesmo tosca, e se criou a Imprensa; foi já findando, não negou sua responsabilidade inquisitória e cruel manchando a fé. Com as Grandes Navegações (pensando – e temendo – ir além do fim do mundo) chegavam a acreditar que estavam “fazendo um Novo Mundo”. E parece que estavam.

Em quase mil anos de guerras e descobertas, da Igreja “Papal” e da Reforma, de ateus convertidos e religiosos descrentes, a Mulher foi quase esquecida. Não figurou na vitrine dos acontecimentos. Talvez nunca o machismo foi tão dominador, até porque – salvo raras, raríssimas exceções – as mulheres acreditavam no que lhes ensinava a injusta sociedade, isto é, que elas existiam para gerar – preferentemente homens – que se associariam aos já existentes para aumentar a multidão dos que iriam preservar o “direito” absoluto à discriminação e suas consequências.

P.S: – Por mais que se fale (muito no plano teórico), registrando desnível de tratamento em detrimento da Mulher, para que não nos iludamos de que tudo mudou, veja-se, com atenção, alguns números abaixo, referentes ao Brasil:

1) as mulheres trabalham, em média, cerca de sete horas e meia a mais que os homens por semana;

2) a desocupação feminina, em 2010, era de 11,6%. A dos homens, 7,8%.

3) por serviços iguais, em média, as mulheres recebem salários até 32% menores que os dos homens… É pouco e/ou quer mais? (Fonte: PNA DE IBGE, 1998/2018)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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https://www.osul.com.br/a-falsa-igualdade/ A falsa igualdade 2018-03-10
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