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Por Redação O Sul | 10 de junho de 2019
A indústria automobilística vai deixar de exportar este ano mais de 120 mil veículos para a Argentina em razão da crise econômica no país. A perda, calculada com base nas entregas do ano passado, levará o setor a reduzir projeções feitas em janeiro para venda externa e produção. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
O setor previa produzir 2,88 milhões de veículos, 9% a mais que em 2018. As exportações já seriam 6,2% inferiores ao ano passado, com 590 mil unidades. Os dois números serão revistos. “O impacto da Argentina é maior do que imaginávamos”, disse o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes.
Segundo ele, em 2018, foram exportados, em média, 45 mil veículos por mês para a Argentina. Hoje, é metade disso. De janeiro a maio de 2018, o país recebeu 76% das exportações brasileiras, fatia que caiu para 59%.
Nem o recente anúncio do governo de Mauricio Macri, de que haverá incentivos para a compra de carros, deve mudar o quadro. “Qualquer melhora lá pode ajudar aqui, mas não sabemos ainda se será apenas uma medida pontual”, diz Moraes.
Principalmente em razão do recuo de vendas para a Argentina, a Toyota vai cortar 340 vagas da fábrica de Sorocaba. A Volkswagen dará férias e folgas de um mês aos funcionários da produção de São Bernardo do Campo, a partir do dia 24, e já adotou o expediente na filial de Taubaté por 20 dias. A Nissan suspendeu plano de criar um terceiro turno em Resende (RJ).
Empregos
Nos cinco meses do ano, a exportação total de veículos caiu 42% ante 2018 (para 181,6 mil unidades). A produção cresceu 5,3% (1,241 milhão) e as vendas 12,5% (1,084 milhão).
Só em maio foram produzidos 275,7 mil veículos, alta de 30% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando a greve dos caminhoneiros paralisou as fábricas por causa da falta de peças. As exportações caíram 32,7%, somando 915,1 mil unidades, enquanto as vendas cresceram 21,6%, para 245,4 mil unidades. Em um ano, o setor fechou 2,4 mil postos de trabalho. Hoje, emprega 130 mil pessoas. Em maio de 2018 eram 132,4 mil.
Simplificação tributária
A Anfavea ressaltou, na semana passada, a urgência de se promover uma profunda simplificação tributária e burocrática no Brasil. De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, 1,2% do faturamento industrial é gasto com mão de obra, software, serviços e custos legais para cálculos e processamentos de tributos.
“Obviamente, neste porcentual não estão incluídos os custos dos impostos propriamente ditos. Anualmente, a indústria brasileira gasta cerca de R$ 37 bilhões apenas com essas operações burocráticas, o que representou em 2017 0,6% do PIB nacional e 5,5% do PIB industrial”, diz a Anfavea.
Focando apenas no setor automotivo, a Anfavea calcula um gasto anual de R$ 2,3 bilhões só com esse custo burocrático-tributário, valor maior que o R$ 1,5 bilhão previsto com Pesquisa e Desenvolvimento no programa Rota 2030. “Ou acabamos com esse sistema tributário ou ele acaba com o Brasil”, afirma Luiz Carlos de Moraes, presidente da Anfavea. Ele citou como exemplo o fluxo de importação do airbag, item obrigatório nos veículos nacionais, que demanda 15 passos burocráticos de requerimentos, o que pode demandar 50 dias de processamento