Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 20 de março de 2018
Representantes da indústria siderúrgica nacional pediram nesta terça-feira, ao presidente Michel Temer, que ele telefone a Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e solicite a exclusão do Brasil da sobretaxa de 25% que será aplicada às importações americanas de aço a partir da próxima sexta-feira. Os executivos também sugeriram que Temer mande rever a suspensão, pela Camex (Câmara de Comércio Exterior), de tarifas antidumping que seriam adotadas no ingresso de siderúrgicos oriundos da Rússia e da China.
“Pedimos que o presidente entre em contato com Donald Trump, para explicar por que o Brasil precisa ser excluído”, disse o presidente do conselho diretor do Instituto Aço Brasil, Alexandre Lyra.
Quanto ao pedido relacionado à Camex, há alguns meses, houve uma divergência entre os ministérios. Enquanto a pasta de Indústria, Comércio Exterior e Serviços defendia a aplicação de sobretaxas, por considerar que Rússia e China estavam colocando seus produtos a preços bem abaixo dos praticados no mercado interno, o Ministério da Fazenda era contra, sob a alegação de que os produtos e serviços que têm aço como insumo, tais como automóveis, eletroeletrônicos e o setor da construção civil, ficariam mais caros e a inflação seria atingida. A Fazenda venceu a briga.
“O governo precisa ficar atento, pois há um excedente de aço no mundo e outros países vão vender seus produtos que não entrarem nos EUA em outros mercados, como o Brasil. O Brasil é uma grande economia que está em processo de recuperação”, disse Lyra.
Dificuldades
O governo americano colocou requisitos mais duros do que esperava o Brasil para poupar o aço e o alumínio importados da barreira levantada pelo presidente Donald Trump. As regras para o recurso de empresas americanas contra as barreiras ao produto importado foram divulgadas na segunda-feira pelo Departamento de Comércio dos EUA.
No último dia 8, o presidente Donald Trump anunciou que o aço e o alumínio importados pagarão sobretaxa de 25% para entrar nos EUA. Foram poupados apenas os produtos fabricados no Canadá e no México.
O Brasil é o maior consumidor de carvão dos EUA e o produto é usado por siderúrgicas como combustível para a fabricação de aço. Empresários brasileiros esperavam usar a pressão dos carvoeiros a seu favor. Por este caminho, a possibilidade foi fechada.
Pelas regras, o empresário americano que solicitar a exclusão de importados da sobretaxa terá que especificar sua atividade nos EUA e, além disso, terá que justificar que a compra no exterior se deve à produção insuficiente ou de qualidade inferior à de similares americanos.
O pedido deve ser feito produto a produto, e somente o Departamento de Comércio pode avalizar a liberação para importação de uma quantidade superior ao solicitado pelos consumidores. Cada consumidor deve entregar seu pedido de exclusão. Essa é a janela aberta para recurso das empresas à barreira de Trump.
Em outra frente, mais política, representantes do governo brasileiro tentarão convencer a administração americana de poupar o Brasil da barreira comercial. O encontro ainda não tem data marcada. Um dos argumentos que serão levados é que os EUA não produzem todo o aço de que precisam, e 80% do produto vendido pelo Brasil é aço semiacabado, que ainda será industrializado nos EUA.