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Brasil A inflação alta em junho no Brasil já era esperada pelo mercado, diz um economista

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Futuro governo também herdará os juros básicos mais baixos dos últimos 20 anos. (Foto: Agência Brasil)

O economista André Braz, pesquisador do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV (Fundação Getulio Vargas) e coordenador da elaboração do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) apurado pela instituição, considera o resultado da inflação oficial do País em junho um “repique transitório”. O resultado do mês foi de 1,26%, mais do que o triplo de maio (0,4%).

A explosão do IPCA em junho refletiu a combinação dos efeitos da greve dos caminhoneiros, a pressão dos preços administrados e a desvalorização do real em relação ao dólar. Pelas pesquisas semanais que realiza para apurar o IPC-S, ele diz que há evidências de desaceleração dos preços ao consumidor.

Por esse motivo, Braz acredita que esse repique registrado em junho deve se dissipar neste mês. Para julho, Braz espera que a inflação fique abaixo de 0,3% e, no ano, pode ir 4,2%, no cenário mais pessimista. Mesmo assim deve ficar abaixo do centro da meta de 4,5%. A seguir trechos da entrevista.

“O resultado do IPCA não surpreendeu”, afirma o pesquisador. “Foi um resultado alto, mas já era esperado pelo mercado. A mediana das projeções estava entre 1,27% e 1,28% e o resultado veio muito em linha o que se esperava. Esse patamar foi alcançado por conta, primeiro, dos efeitos da greve, que se estendeu através da cadeia de carnes e alimentos in natura.”

Ainda segundo ele, houve também a desvalorização cambia, que afetou os preços de grandes commodities, como soja e milho, que são ração para suínos e aves. Houve também a alta dos combustíveis, afetados pelo câmbio, e também bandeira vermelha para a tarifa de energia elétrica.

“O resultado de junho refletiu alta do câmbio, a greve dos caminhoneiros, efeitos de preços administrados e efeitos sazonais do período, como o aumento do preço do leite”, detalhou. “A inflação já está voltando e a expectativa é que a taxa recue fortemente em julho.”

Falta de fôlego

“O pass-through (repasse) cambial está muito contido, porque estamos com uma economia muito fraca e desemprego elevado”, prossegue o especialista da FGV. “Por isso, não há muito fôlego para repasse, a não ser para gasolina, commodities. Mas para bens duráveis, como os eletroeletrônicos, está mais complicado repassar alta de custos neste momento. Não tem demanda para o preço atual, o que dirá para um preço mais alto.”

A explosão da inflação em junho não preocupa André Braz: “A nossa estimativa de inflação para o ano avançou, é claro. Mas está abaixo de 4,5%, que é a meta. O nosso número, provisório ainda, para a inflação deste ano está em 4,2%. O nosso número otimista é em torno de 4%. Já em julho vamos ter um inflação abaixo de 0,30%, quem sabe.”

Ele projeta que em agosto a inflação vai continuar muito baixa: “Pelas contas que estamos fazendo, isso tudo não vai passar de um repique no mês de junho, por conta de todos esses fatores que aconteceram ao mesmo tempo”.

“Mesmo com os preços administrados em um patamar elevado em 12 meses, eu não espera uma inflação elevada daqui para frente. “Do outro lado, temos a alimentação que acumula no ano uma inflação muito baixa. Isso ajuda a compensar esse destaque de preços administrados”, acrescenta.

“Mesmo que eles subam um pouco em julho, como energia elétrica em São Paulo, ou haja novas pressões da própria gasolina, ainda vai sobrar espaço para ter uma inflação abaixo da meta. Isso porque a parte agrícola ajudou muito”, prevê Braz.

Serviços

Braz explica que os serviços são o reflexo dessa economia mais fraca: “O preço dos serviços é muito persistente, demora muito para reagir. No período do início de menor crescimento, eles rodaram muito acima do IPCA, que estava desacelerando e eles se mantinham acima de 7%”.

“E repentinamente, nos últimos 12 a 15 meses, os serviços começaram a ceder finalmente porque a economia não está reagindo. Aquele colchão que o consumidor tinha, que garantiu o consumo, como seguro-desemprego, verbas rescisórias e algumas economias, já foi embora”, lamenta.

“Ele não pode mais contar com seguro-desemprego, não tem nenhuma reserva financeira, então, infelizmente, o que sobra é cortar gastos mesmo. Por isso, o preço dos serviços não tem espaço para avançar”, acrescenta o especialista.

Apesar de os IGP estarem acumulando uma variação mais forte do que o IPCA, eles também vão começar a ceder. Os IGP vão desacelerar e encontrar o caminho do IPCA. Mas não devem desacelerar tanto quanto, porque têm inflações de outros segmentos, que irão perder fôlego de forma mais lenta, mas vão desacelera também.

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https://www.osul.com.br/a-inflacao-alta-em-junho-no-brasil-ja-era-esperada-pelo-mercado-diz-um-economista/ A inflação alta em junho no Brasil já era esperada pelo mercado, diz um economista 2018-07-06
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