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Ciência A Lua será o mais popular destino do turismo espacial

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No futuro, em uma questão de horas, as pessoas poderão ir para lua para passar o fim de semana. (Foto: Freepik)

Além de comandar uma das principais organizações de divulgação científica do mundo, Bell é professor de geociências na Universidade do Estado do Arizona. Recentemente, esteve no Rio a passeio, gozando de um “ano sabático”. Mas não deixou de lado o papel de emissário da ciência legado pelo astrônomo americano Carl Sagan (19341996), um dos fundadores da Planetary Society, em 1980. Convidado pelo Planetário do Rio, fez uma palestra para centenas de alunos do CIEP Presidente Agostinho Neto, de ensino bilíngue, e se surpreendeu com a compreensão, o interesse e a desenvoltura dos alunos sobre os assuntos abordados. Em entrevista ao jornal O Globo, Bell aborda o avanço de movimentos obscurantistas, o futuro da exploração de outros planetas e os projetos de turismo espacial.

Sagan dizia que a ciência era a vela a iluminar o caminho num mundo assombrado pelos “demônios” da superstição e do falso conhecimento. Hoje, porém, vemos o avanço de movimentos negacionistas da ciência, como o terraplanismo e a antivacinação. É um sinal de fracasso?

Não fracassamos, só nosso trabalho que ainda não terminou. A mensagem da ciência ainda não está chegando a todos como deveria. Em parte por culpa dos próprios cientistas. Precisamos nos comunicar melhor para alcançar mais o público em geral. Mas também é em parte culpa da mídia. Os jornalistas são treinados para buscar o confronto de ideias, a mostrar que existem dois lados em todas as histórias. Em muitas questões isso é o certo a fazer, mas se 99% cientistas acreditam numa coisa e 1% noutra coisa, a cobertura se foca no conflito, e não na desproporção.

E quanto à educação do público?

Sim, outro problema é a maneira como as pessoas estão consumindo as notícias. Muitas não são céticas o suficiente. E muitas vezes as questões científicas são apresentadas mais como hipóteses do que como teorias sustentadas por observações e experiências, como no caso da evolução e das mudanças climáticas, o que acaba confundindo o público. O público depende dos professores, dos educadores para apresentarem os fatos. E, como sabemos, estes são tempos difíceis para os fatos. Muita coisa está sendo deixada aberta para interpretações, muitas coisas são apresentadas como uma crença dos cientistas.

É como uma construção do discurso.

Exato. Alguns políticos e grupos de interesse distorcem o discurso para tentar manter algumas questões em aberto, dizendo: “não, mas alguns cientistas dizem essa outra coisa”. Mas é uma minoria muito pequena. E tudo isso cria incerteza e confusão no público em geral, que não tem formação científica e depende da mídia ou dos professores como fontes de informação. Então é responsabilidade da comunidade científica se comunicar com o público e ajudar as pessoas a se educarem e pensarem por si mesmas, aprenderem por si mesmas. Falo muito com crianças e não digo a elas que devem se tornar cientistas, mas que seria bom para elas se apenas pensassem como um cientista. Sejam céticas, sejam críticas, sempre tentem ver as coisas por si mesmas, procurem as evidências a favor e contra algo e tomem suas próprias decisões baseadas nessas evidências. Isso serve seja para lançar um foguete para a Lua ou consertar a pia da cozinha.

A Lua será sempre uma escala?

Não, a Lua será mais que isso. A Lua será o destino mais popular do turismo espacial. No futuro, não levaremos três dias para chegar lá. Será uma questão de horas, então as pessoas poderão ir para lá para passar o fim de semana. Será uma experiência próxima e interessante. Levou cem anos para sairmos do primeiro avião e as viagens aéreas se tornarem uma rotina que a classe média pode pagar para suas férias. E tudo começou com os governos investindo na indústria da aviação desde cedo, com os bilionários da época à frente de empresas como United, Northwest, abrindo caminho. Ninguém sabia se essa indústria ia decolar. E vemos a mesma coisa acontecendo com a indústria espacial. Mas talvez precisemos de 100, 200 anos para a indústria do turismo espacial decolar, quem sabe?

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https://www.osul.com.br/a-lua-sera-o-mais-popular-destino-do-turismo-espacial/ A Lua será o mais popular destino do turismo espacial 2018-05-20
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