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Por Redação O Sul | 11 de outubro de 2018
Duas nações europeias, o Reino Unido e a Lituânia, tomaram decisões semelhantes nesta quinta-feira (11) ao legalizar a maconha para uso medicinal. Ambos argumentaram que a medida visa a ampliar o tratamento médico para seus cidadãos.
O ministro do Interior, Sajid Javid, declarou que a maconha terapêutica será autorizada no Reino Unido com prescrição médica a partir do dia 1º.
A medida será aplicada na Inglaterra, em Gales e na Escócia, informou o ministro britânico em um comunicado no qual ressaltou que, com ela, não será aberto um caminho a uma legalização da maconha para fins recreativos.
“Minha intenção sempre foi assegurar que os pacientes possam acessar o tratamento médico mais apropriado”, explicou. Mas “sempre indiquei claramente que não tenho nenhuma intenção de legalizar o uso recreativo da cannabis”.
Vários casos de pessoas doentes que se tratam ilegalmente com ajuda de produtos derivados da maconha – entre eles o de duas crianças que sofrem de epilepsia e consomem azeite de cannabis – se destacaram nos últimos tempos, alimentando o debate sobre a autorização da maconha terapêutica.
Lituânia
Na Lituânia, o Parlamento aprovou uma lei que autoriza os médicos a receitar medicamentos à base de maconha. Dos 141 deputados, 90 votaram a favor da medida que, para entrar em vigor, precisa ser sancionada pela presidente Dalia Grybauskaite.
“Trata-se de uma decisão histórica que permitirá aos pacientes receber o melhor tratamento possível”, disse o deputado conservador Mykolas Majauskas, que apresentou o projeto. A lei entrará em vigor em maio. O consumo de maconha para uso recreativo continuará ilegal no país.
Consumo prejudicial
De acordo com um estudo publicado na semana passada no periódico científico American Journal of Psychiatry, o consumo de maconha é mais prejudicial para o cérebro de adolescentes do que a ingestão de bebida alcoólica. Segundo a pesquisa, adolescentes que usam maconha regularmente podem sofrer danos duradouros na capacidade de pensamento.
Para chegar a essa conclusão, pesquisadores da Universidade de Montreal, no Canadá, acompanharam 3.800 adolescentes (acima dos 13 anos) de mais de trinta escolas canadenses ao longo de quatro anos. Para obter uma descrição mais honesta do consumo de maconha e álcool, os estudantes receberam a garantia de que pais e professores não teriam acesso às informações – a menos que houvesse risco de segurança iminente.
Os participantes foram submetidos a testes cognitivos que mediam memória (de longo e curto prazo, incluindo recordação), raciocínio perceptivo e controle inibitório. Eles também responderam questionários anuais sobre a frequência do consumo de álcool e cannabis (maconha).
Entre os entrevistados, 75% afirmaram beber álcool, mesmo que ocasionalmente, enquanto 28% admitiram fazer algum uso de maconha. Embora o uso de maconha tenha sido menor que o de álcool, os pesquisadores concluíram que a cannabis causa mais danos à cognição do que o álcool.
Todos esses prejuízos cognitivos permanecem mesmo após a interrupção do consumo. “A cannabis compromete a cognição e provoca atrasos no desenvolvimento cognitivo dos adolescentes. Nosso estudo mostrou que o uso precoce da maconha causa prejuízos prolongados no cérebro”, disse a psiquiatra Patricia Conrad, principal autora do estudo, à rede americana NBC News.