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Por Redação O Sul | 3 de outubro de 2019
A PF (Polícia Federal) e o MPF (Ministério Público Federal) investigam se a cúpula do banco BTG Pactual obteve informações das reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) durante os anos de 2010 a 2012.
Uma operação deflagrada nesta nesta quinta-feira (03) investiga se houve vazamentos dos resultados das reuniões, que definem a taxa de juro básica do País (Selic), envolvendo agentes públicos do alto escalão do governo federal da época e o banco “em contexto de obtenção de vantagens ilícitas mútuas”, segundo a Procuradoria.
A investigação foi instaurada a partir de colaboração premiada do ex-ministro Antonio Palocci e apura se houve fornecimento de dados sigilosas sobre mudanças na taxa de juros por parte da cúpula do do BC e do Ministério da Fazenda. Também apura se as informações foram usadas em favor de um fundo de investimento administrado pelo BTG Pactual.
Segundo Palocci delatou, o então ministro da Fazenda Guido Mantega passava as informações para o banqueiro André Esteves, sócio do BTG que ocupava a presidência do banco no período que é alvo da investigação. Em contrapartida, o banqueiro pagava propina para o ministro e para o PT.
Durante o período dos vazamentos, Palocci não tinha atuação direta sobre o Copom ou BC. Em 2010, ele era deputado federal, no ano seguinte ministro da Casa Civil e em 2012 consultor, mas ele afirmou aos delegados da Polícia Federal que tinha conhecimento sobre os casos por se manter muito próximo a Lula e à cúpula do PT.
O jornal Folha de S.Paulo apurou que ele teria apresentado provas para sustentar as afirmações. O fundo teria obtido, com as informações, um lucro de dezenas de milhões de reais, informaram os investigadores. A operação investiga os possíveis crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, informação privilegiada, lavagem e ocultação de ativos.
O período mencionado abarca tanto as presidências de Henrique Meirelles à frente do Banco Central (2003 a 2010, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva), quanto de Alexandre Tombini no comando da autoridade monetária (2011 a junho de 2016, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff).
Foi feita busca e apreensão na sede do banco, em São Paulo. As units (grupo de ações) do BTG Pactual chegaram a cair 10% após a divulgação da notícia. Às 11h40min, os papéis tinham queda de 6,9%, a R$ 52,14.
O BTG afirma que o fundo possuía um único cotista pessoa física, que nunca foi funcionário do banco ou teve qualquer vínculo profissional com o BTG ou qualquer de seus sócios. “O Banco BTG Pactual exerceu apenas o papel de administrador do referido fundo, não tendo qualquer poder de gestão ou participação no mesmo”.