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Esporte A polícia investiga a diretoria do Cruzeiro por indícios de pagamentos suspeitos, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro

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Wagner Pires de Sá assumiu a presidência do Cruzeiro em janeiro de 2018. (Foto: Lucas Leite/ Cruzeiro)

Mais de meio bilhão de reais em dívidas. Apesar de títulos recentes, como as últimas duas edições da Copa do Brasil, aumento na quantidade de credores. A história do Cruzeiro no primeiro ano de mandato do presidente Wagner Pires de Sá seria parecida com a de outros clubes brasileiros, se não estivesse a administração comprometida por indícios de irregularidades.

A Polícia Civil de Minas Gerais instaurou inquérito para apurar denúncias sobre falsificação de documento particular, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Os investigadores já ouviram 15 pessoas, todas elas relacionadas de alguma forma com o Cruzeiro – entre funcionários e ex-funcionários, dirigentes e prestadores de serviços que realizaram transações com o clube.

Estamos investigando principalmente transações e pagamentos suspeitos. Sem a devida prestação do serviço ou superfaturados”, afirma o delegado Domiciano Monteiro, chefe da Divisão de Investigação de Fraudes e Crimes contra a Administração Pública.

Procurado, o Cruzeiro se recusou a gravar entrevista em vídeo, mas respondeu por escrito. No início da noite deste domingo, antes da veiculação da reportagem no Fantástico, o presidente Wagner Pires de Sá emitiu nota oficial na qual diz que um pequeno grupo da oposição do clube está “plantando notícias junto a alguns profissionais da mídia nacional”.

O inquérito se baseia em um balancete contábil analítico, que demonstra pagamentos feitos pelo Cruzeiro no decorrer de 2018, ao qual o Fantástico também teve acesso. A reportagem foi além e conseguiu quase 200 páginas de contratos e planilhas de controle interno. Há evidências de que a diretoria cruzeirense quebrou regras da Fifa e da CBF, no âmbito do futebol, e do governo federal, por meio do Profut, programa de renegociação de dívidas fiscais com clubes.

O caso mais grave é o contrato de mútuo, um empréstimo, assinado pelo Cruzeiro com um empresário chamado Cristiano Richard dos Santos Machado. Sócio de firmas de locação de veículos e equipamentos para proteção individual, ele não tem atuação no futebol. Ou não tinha. Em 1º de março de 2018, o empresário assinou contrato no qual formalizou um empréstimo de R$ 2 milhões para o Cruzeiro. A quantia deveria ser paga em duas parcelas mensais.

Um mês depois, em 3 de abril, o Cruzeiro assinou um segundo documento com Cristiano Richard. O clube alegou que não tinha condições financeiras para quitar o empréstimo e aceitou quitar a dívida com a cessão de direitos desportivos. A Cristiano Richard foram entregues percentuais sobre os direitos econômicos de dez jogadores do elenco profissional e das categorias de base: David Correa da Fonseca (David) – 20%; Alejandro Santana Viniegra – 20%; Marco Antonio de Oliveira Coelho – 20%; Carlos de Menezes Júnior (Cacá) – 20%; Julio Cesar Pereira – 20%; Victor Alexandre da Silva (Vitinho) – 20%; Gabriel Nascimento Resende Brazão – 20%; Estevão William A. de Oliveira Gonçalves – 20%; Raniel Santana de Vasconcelos – 5% e Murilo Cerqueira Paim – 7%.

Na prática, esses direitos correspondem à multa rescisória de contratos entre clubes e atletas. Quando o atacante David fosse vendido pelo Cruzeiro para outra equipe, por exemplo, 20% do valor da transferência seriam repassados a Cristiano Richard. No entanto, a prática foi proibida pela Fifa em 2015. Apenas clubes e os próprios atletas podem, desde então, ter partes de direitos econômicos – legalmente semelhantes ao que antigamente se chamava de “passe”.

Entre os atletas cujos percentuais foram cedidos a Cristiano Richard em troca do empréstimo de R$ 2 milhões, está Estevão William. O torcedor talvez nunca tenha ouvido falar em seu nome, por um bom motivo. Conhecido nas categorias de base cruzeirenses como “Messinho”, o garoto tem apenas 12 anos. Há grande expectativa em relação ao seu futebol, tanto que com esta idade ele já tem contrato de patrocínio com marca internacional de materiais esportivos, além de ser agenciado pelo empresário André Cury há cerca de três meses.

O Cruzeiro não poderia ter cedido percentuais sobre o contrato de Estevão a terceiros, em primeiro lugar, porque a prática foi proibida pela Fifa. Em segundo, porque potenciais jogadores só podem assinar seus primeiros contratos profissionais a partir dos 16 anos. Antes disso, crianças e adolescentes podem no máximo ter contratos de formação, nos quais não há direitos federativos e econômicos. A venda de 20% de Messinho não poderia ter ocorrido.

Por essas infrações às regras da Fifa, o Cruzeiro pode ser proibido de transferir jogadores e até registrar novos atletas, de acordo com o advogado desportivo Bichara Abidão Neto. As sanções disciplinares pela cessão de direitos econômicos para terceiros, como no caso de Cristiano Richard, começam em advertência e multa e podem ser mais severas em caso de reincidência.

Cristiano Richard foi encontrado pela reportagem em sua residência em Belo Horizonte na última quinta-feira, mas não quis responder a perguntas. O empresário avisou, por meio do porteiro, que acabara de chegar de viagem e que ligaria de volta no dia seguinte. Não ligou.

O Cruzeiro não considera ter violado regras sobre transferências.

O Cruzeiro firmou contrato de mútuo (empréstimo) com o senhor Cristiano Richard em março de 2018, em momento de grande dificuldade financeira para fazer frente a pagamentos emergenciais como impostos, encargos financeiros e outros compromissos. Entretanto, o Cruzeiro nunca firmou contrato para intermediação desportiva com o senhor Cristiano Richard, sendo que o pagamento feito ao mesmo diz respeito somente à liquidação (parcial) do mútuo.”

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