Mundo A primeira-ministra britânica viu sua proposta de divórcio do Reino Unido da União Europeia ser rejeitada de forma peremptória
Por Redação O Sul | 23 de setembro de 2018
Em reunião realizada em Salzburg, na Áustria, a premier britânica, Theresa May, viu sua proposta de divórcio do Reino Unido da UE (União Europeia) ser rejeitada de forma peremptória pelos líderes do bloco. Além de elevar o grau de urgência das negociações do Brexit, cujo prazo final está marcado para novembro, a forma como o plano britânico foi rejeitado causou ressentimento.
A imprensa britânica resumiu o fracasso de May como humilhante, e a própria premier acusou seus colegas europeus de não tratarem o Reino Unido com o respeito devido. Enquanto a libra sofria sua maior queda do ano, recuando 1,5% frente ao dólar, a premier expressava mágoa, afirmando ontem que a reunião se converteu numa armadilha. Ela acrescentou que sempre tratou a UE com respeito e esperava reciprocidade de seus colegas. “Uma boa relação após o fim desse processo (Brexit) dependerá disso”, disse, segundo o “Guardian”.
Os líderes europeus, no entanto, têm um visão distinta do encontro em Salzburg. Apontam a obstinada resistência de May em fazer concessões como a razão para o fracasso da reunião. Já para analistas, o evento colocou a UE na ofensiva das negociações num momento em que se esgota o prazo para um acordo. A esse propósito, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, alertou que a reunião de outubro será “o momento da verdade”.
Segundo May, a proposta britânica, costurada em julho por um gabinete profundamente dividido, é a única forma de seguir adiante. O presidente da França, Emmanuel Macron, porém, rebateu: “O plano não pode ser transformado em pegar ou largar”. Macron disse ainda que os políticos que apoiaram o Brexit enganaram os britânicos, ao prometer uma enxurrada de recursos e uma saída indolor do bloco. “Aqueles que previram soluções fáceis”, disse ele, “são mentirosos”.
Após o encontro, a premier conclamou a UE a apresentar novas propostas, especialmente sobre os pontos mais controversos, como a fronteira entre as Irlandas e as trocas comerciais bilaterais. Do contrário, alertou, não haverá progresso nas negociações. Segundo ela, “a esta altura das negociações, não é aceitável simplesmente rejeitar a proposta de um dos lados sem uma explicação detalhada e novas propostas.”
May também enfrenta oposição interna do Partido Conservador, dominado por “Brexits linha-dura”, como o secretário de Relações Exteriores, Boris Johnson, que vê o plano da premier como um ato de submissão a Bruxelas.
O Brexit está marcado para 29 de março. À proporção que o prazo se extingue, cresce o risco de um divórcio litigioso, sem acordo, elevando o custo da aventura nacional-populista.
