Sexta-feira, 29 de março de 2024
Por Redação O Sul | 8 de maio de 2019
A queda do regime de Nicolás Maduro na Venezuela tem o potencial de deslanchar escândalos de corrupção em série, atingindo líderes políticos da América Latina. No centro deles está a estatal de petróleo PDVSA.
No principado europeu de Andorra, paraíso fiscal até 2017, 29 pessoas estão sendo processadas por lavagem de dinheiro, em um esquema que teria desviado US$ 2 bilhões da estatal. Uma investigação da Assembleia Nacional, de maioria oposicionista, apontou o “sumiço” de US$ 11 bilhões dos cofres da empresa entre 2004 e 2014.
Expulsão de militares
Maduro expulsou 56 militares acusados de envolvimento no levante do dia 30 de abril, liderado pelo opositor Juan Guaidó. Um deles é Manuel Figuera, ex-chefe do Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional). O Sebin era responsável por vigiar Leopoldo López, também opositor de Maduro. Nos protestos daquele dia, convocados por Guaidó, cinco pessoas morreram e 239 ficaram feridas.
Além de Figuera, foram expulsos 5 tenentes-coronéis, 4 majores, 4 capitães, 6 primeiros-tenentes e tenentes e 36 sargentos, afirmou a imprensa oficial na quarta-feira (8). A saída de Figuera do comando do Sebin já havia sido anunciada no dia 30 de abril.
Até o momento, o governo da Venezuela não deu informações sobre o paradeiro dos 56 militares rebeldes. Na terça-feira (07), a organização humanitária local Foro Penal denunciou o desaparecimento de um grupo de soldados que participaram do levante. Na semana passada, as autoridades brasileiras já haviam concedido asilo a 25 militares venezuelanos que se refugiaram na embaixada do Brasil em Caracas.
Entre os oficiais afetados pela decisão de Maduro está, também, o tenente-coronel da GNB (Guarda Nacional Bolivariana) Illich Sánchez, que nos últimos meses ficou encarregado do comando que dá proteção à Assembleia Nacional, controlada pela oposição. Sánchez foi um dos oficiais que acompanharam Guaidó aos arredores da base aérea de La Carlota, em Caracas, durante o levante fracassado.
Deputados acusados
Após a escalada de tensões políticas por conta das ações contra a oposição, Guaidó voltou a desafiar o governo de Maduro nesta quarta-feira (08), durante uma visita a seu estado natal de Vargas. “Vamos continuar; sabemos que a perseguição é a única resposta que têm”, disse, no Twitter.
Na terça-feira, a Suprema Corte da Venezuela afirmou, em comunicado, que os deputados Mariela Magallanes, Henry Ramos Allup, Luis Florido, José Simón Calzadilla, Américo De Grazia e Richard Blanco seriam processados pelos supostos crimes de “traição à pátria, conspiração, incitação à rebelião, rebelião militar, associação criminosa, abuso de poder e incitamento público à desobediência”.