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Colunistas A reforma da qual surgirá um país de velhos mal pagos!

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Unidade prestará auxílio em questões como dívidas, abandono e violência doméstica. (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Embora deputados vestidos com a bandeira do Brasil digam que a reforma é a coisa mais monumental feita em 500 anos, parece não haver dúvidas de que ela está repleta de maldades. É uma reforma contra a população mais pobre. Do vigilante ao policial (que talvez escape), passando por professores (parece que estão negociando) e quejandos. Até pensão por morte, de um salário mínimo, será lixada.

Não me empolgo com a nova previdência (sic). Por várias razões. Do mesmo modo como não me empolguei com a fala do deputado Cherini, quando votou pelo impeachment de Dilma, dizendo que dali surgia um novo Brasil. Cobrei isso dele no Pampa Debates. Estou esperando até agora. A mesma coisa se disse da reforma trabalhista, que criaria muitos empregos. Aguardamos.

Se a reforma é para acabar com os privilégios, como diz Bibo Nunes, por qual razão os militares ficaram de fora? E os policiais parece que também ficarão de fora.

Portanto, a reforma não pega todo mundo. Além disso, tem muita gente que não precisa se aposentar. O andar de cima não se preocupa com descontos e diminuições de benefícios. Os rentistas, banqueiros, grandes proprietários, grandes empresários etc. – estes não se preocupam com coisas mundanas como aposentadoria.

Fato incontestável é que o bicho pega, mesmo, é para a população pobre, porque 82% da conta será paga pelo regime geral da previdência. Sim. Desse couro é que sairá a maior parte das correias.

A reforma, de forma inconstitucional, retira e reduz, de maneira muito dura, direitos previdenciários de servidores públicos civis, sem que fosse aprovado um único destaque em favor desses trabalhadores públicos, num verdadeiro rolo compressor antidemocrático. Trabalhadores públicos: são os vilões do temp(l)o.

Pleitos justos e razoáveis dos servidores públicos civis relativos a regras de transição, ao cálculo da pensão por morte, à retirada do caráter confiscatório das alíquotas previdenciárias, ao cálculo dos benefícios previdenciários, dentre outros, não foram minimamente atendidos. Criou-se uma narrativa de que a reforma da previdência salvará o Brasil. O Brasil é ANP e DNP (antes da nova previdência e depois da nova previdência).

Ora, prever uma suposta “regra de transição” em prejuízo apenas aos servidores públicos civis com pedágio de 100% – que dobra o tempo (sim, dobra o tempo) que resta para a obtenção da aposentadoria –, além da observância de uma idade mínima – que esvazia ainda mais a “transição” –, enquanto fixa regras bem mais suaves para os militares e os próprios parlamentares, da ordem, respectivamente, de 17% e 30%, vai contra qualquer discurso de tratamento igualitário ou “quebra de privilégios”, em total discriminação aos servidores civis. Poxa. O inferno são os outros; os privilegiados são os outros. Quando se trata da base eleitoral, aí não é corporativismo. Humpty Dumpty passou pela Escola de Chicago.

Mas o pior nem é isso. Há mais: falo da inconstitucional desconstitucionalização de diversas normas, inclusive remetendo para lei complementar a obrigatoriedade de extinção de todos os Regimes Próprios de Previdência já existentes com a consequente migração obrigatória dos servidores para o Regime Geral de Previdência Social, gerido pelo INSS. Quem (sobre)viver, sofrerá.

Só que, na medida em que a narrativa vigente é a da ANP/DNP, criou-se igualmente a tese de que não se pode falar nada que contrarie a “nova previdência”. Ser contra, dizem eles, é “contra o Brasil”.

As aposentadorias ligadas ao regime geral terão redução de até 40%. Haverá corte de pensões. Pobres viúvas pobres. Essa pode ser a maior maldade. Ou, não é assim?

Cálculos mostram que ninguém se aposentará com totalidade de proventos. A idade mínima é uma ficção, na conjugação com os percentuais a serem recebidos na aposentadoria. Muita gente que apoia a reforma nem sabe ainda das consequências. Bom, como diria o Conselheiro Acácio, as consequências vêm sempre…depois!

Pobres que apoiam a reforma agem como o frango que faz propaganda do frigorífico. Só não sabe de uma coisa: que ele é um frango! Comunique-se, pois, a má notícia ao frango. As sombras não são sombras, gritava o filósofo na caverna…já os frangos são frangos, ainda que não saibam disso!

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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https://www.osul.com.br/a-reforma-da-qual-surgira-um-pais-de-velhos-mal-pagos/ A reforma da qual surgirá um país de velhos mal pagos! 2019-07-13
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