Quinta-feira, 18 de abril de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Economia A renegociação de Itaipu pode elevar a conta de luz: Enquanto o Paraguai contrata consultoria internacional, o Brasil segue despreparado para negociar, dizem especialistas

Compartilhe esta notícia:

A usina hidrelétrica de Itaipu é a segunda maior do mundo e responsável por 15% de toda a energia consumida no Brasil. (Foto: Caio Coronel/Itaipu)

Após quase 50 anos de parceria entre Brasil e Paraguai, caberá ao governo de Jair Bolsonaro (PSL) a missão de renegociar o contrato da usina hidrelétrica de Itaipu, a segunda maior do mundo e responsável por 15% de toda a energia consumida no Brasil. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

As conversas prometem ser duras, e o resultado poderá afetar a conta de luz dos brasileiros e, no extremo, a oferta de energia do país. Pelo acordo, o Paraguai tem direito a metade da produção da usina.

Especialistas ouvidos pela Folha contam que o governo brasileiro hoje está despreparado para iniciar um diálogo. O Paraguai, porém, vem se municiando há anos para a negociação.

Contratou a consultoria do economista americano Jeffrey Sachs, da Universidade de Columbia, ativista na defesa de países emergentes mais pobres. Sachs, numa palestra no fim de 2018, defendeu que o Paraguai deveria investir em linhas de transmissão para vender a energia de Itaipu e ampliar os lucros com sua riqueza energética.

O governo paraguaio também ofereceu oficinas para ensinar técnicas de negociação a seus representantes na área de energia. Um deles era baseado no método Harvard.

Há anos, o Paraguai consegue ampliar os benefícios dentro do tratado, sempre com o argumento de que o Brasil é maior, mais rico e tem uma dívida histórica com o país vizinho por causa da guerra de 1864. Neste momento, por exemplo, reivindica que seja incluída no escopo de obras sociais financiadas por Itaipu banda larga para todo o país.

O Tratado de Itaipu foi firmado em 1973 e prevê revisão de cláusulas financeiras até 2023. O prazo não é tão confortável como pode parecer, afirmam especialistas. Para alguns deles, a negociação precisaria ser concluída até o fim deste ano.

A questão central é como ficará o preço da energia vendida pela usina. A percepção é que o Paraguai tentará pressionar a tarifa para cima.

Outro temor é que o país vizinho tente alterar as regras para vender a sua energia excedente, hoje cedida ao Brasil, a outros parceiros, como Argentina, Chile ou Bolívia. O contrato define que cada país tem direito a 50% da geração. No entanto, o Paraguai consome uma pequena parcela e vende o restante ao Brasil – que, em 2018, o ficou com 84% da energia total.

Em tese, o Paraguai não pode alterar essa regra na revisão de 2023, diz Claudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil. O objetivo da renegociação será o chamado anexo C, que trata de cláusulas financeiras – não da partilha da energia.

No entanto, o próprio governo brasileiro reconhece que, iniciada a discussão, tudo pode ir para a mesa. Atualmente, o Paraguai tem apenas uma linha de transmissão para escoar energia a outro país, para a Argentina.

Como Buenos Aires vive uma das piores crises da história, não há demanda que represente risco ao Brasil. No entanto, especialistas consideram que o Paraguai pode criar outras alternativas. Uma delas seria fazer uma aliança com a Bolívia, trocando gás por eletricidade.

Também poderia encampar as sugestões de interligação energética do continente, defendida por organismos como a CAF (Corporação Andina de Fomento), que poderia financiar uma expansão de linhas de transmissão, caso o Paraguai decidisse vender a energia de Itaipu a terceiros.

Há ainda a opção de ampliar o consumo interno para atender o número crescente de indústrias que se instalam lá. Há quem ventile uma opção mais radical nessa área: um pacto com chineses, que poderiam investir na infraestrutura do país e ampliar seu parque industrial para abrigar empresas da própria China.

O governo brasileiro, porém, não acredita que o país enverede por nenhuma dessas alternativas e que o Paraguai vai preferir a via mais confortável, que é continuar vendendo para o Brasil e ampliando sua cota de benefícios dentro do tratado.Governos petistas, por exemplo, ampliaram a remuneração paga ao Paraguai pela cessão de energia, um adicional além do preço da energia em si, que, em 2017, somou US$ 329 milhões.

Pela natureza do acordo bilateral, nenhum benefício adicional pode ser questionado por autoridades locais, como a Aneel (a agência do setor elétrico) ou o TCU (Tribunal de Contas da União), pois quem bate o martelo são os presidentes dos dois países.Por ano, o Brasil importa do país vizinho 32,9 mil gigawatts-hora, equivalentes ao consumo anual do Paraná.

O governo precisa se preparar para um eventual cenário de perda dessa energia, diz João Carlos Mello, presidente da consultoria Thymos Energia. “O prazo já passou. [O governo] teria que se preparar para construir novas usinas, o que levaria uns três anos”, diz ele. Para Luiz Roberto Bezerra, superintendente da FGV Energia, a principal discussão não será a possível perda da energia, que ele considera um cenário remoto, mas sim o novo cálculo da tarifa.

tags: Brasil

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Economia

O primeiro transatlântico da temporada chegou ao Porto do Rio Grande
O governo do Estado colocou à venda cinco terrenos localizados na área central de Tramandaí
https://www.osul.com.br/a-renegociacao-de-itaipu-pode-elevar-a-conta-de-luz-enquanto-o-paraguai-contrata-consultoria-internacional-o-brasil-segue-despreparado-para-negociar-dizem-especialistas/ A renegociação de Itaipu pode elevar a conta de luz: Enquanto o Paraguai contrata consultoria internacional, o Brasil segue despreparado para negociar, dizem especialistas 2019-01-28
Deixe seu comentário
Pode te interessar