Quinta-feira, 28 de março de 2024
Por Redação O Sul | 21 de março de 2018
A Rússia convocou para esta quarta-feira (21), os embaixadores estrangeiros credenciados em seu território para explicar seu ponto de vista sobre o caso de Serguei Skripal, ex-agente duplo envenenado na Inglaterra junto com sua filha, Yulia. O embaixador do Reino Unido país informou, no entanto, que não compareceria à reunião no ministério russo das Relações Exteriores.
Esta decisão foi criticada pelo Kremlin, que a entendeu como um indicativo de que Londres não quer ouvir sua versão sobre o ocorrido. Moscou levaria para a reunião “autoridades e especialistas do departamento responsável pelas questões de não-proliferação e controle de armas” do ministério russo das Relações Exteriores, segundo a porta-voz do ministério, Maria Zakharova.
“O ponto de vista russo será exposto aos representantes oficiais dos Estados estrangeiros. Suas possíveis perguntas serão respondidas e a Rússia formulará suas próprias questões” neste caso, apontou.
Zakharova destacou que a Rússia já explicou a postura do país sobre o caso no Conselho de Segurança da ONU, na OPAQ (Organização para a Proibição de Armas Químicas) e na OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa).
“Infelizmente, até agora, apesar das várias solicitações ao Reino Unido, ninguém sabe que substância foi utilizada em Salisbury”, afirmou Zakharova, citando a cidade onde Skripal foi envenenado.
O envenenamento de Skripal provocou uma grave crise nas já tensas relações entre Moscou e os países ocidentais e resultou na expulsão de 23 diplomatas russos do território britânico e na suspensão dos contatos bilaterais.
Em resposta, a Rússia, que defende sua inocência, anunciou a expulsão de diplomatas britânicos e pôs fim às atividades do British Council, a organização internacional do Reino Unido para relações culturais e educacionais.
A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, afirmou que Skripal e sua filha foram envenenados com o agente tóxico de fabricação russa “novichok” e acusou o Kremlin pelo ocorrido. Após vencer as eleições no domingo, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que a Rússia não possui esse agente.
“Não temos esses meios na Rússia. Nós destruímos todo o nosso arsenal químico sob a supervisão de observadores internacionais. Se fosse uma substância tóxica para a guerra, as pessoas morreriam no ato. É isso que nos vêm à cabeça”, explicou Putin.
“Qualquer pessoa comum entende que é uma tolice, um delírio, algo sem sentido que alguém na Rússia permita tais atos nas vésperas das eleições presidenciais e da Copa do Mundo”, afirmou o presidente. “É totalmente impensável”, frisou Putin.
O vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Serguei Riabkov, reiterou nesta quarta a postura do Kremlin, ao afirmar que o país, mesmo na União Soviética, nunca desenvolveu a substância novichok.
Por outro lado, cientistas russos que trabalhavam na época da Guerra Fria desmentiram essas afirmações oficiais e garantiram que a Rússia desenvolveu o novichok e não descartaram a possibilidade de o componente ser sintetizado em outros países.