Brasil A seis meses do Enem, veja dicas para tirar uma boa nota na redação

Ano passado, somente 53 candidatos, de um universo de cerca de 4,7 milhões que escreveram a redação, conseguiram a nota máxima na avaliação. (Foto: Reprodução)

O que a queda de um edifício no Centro de São Paulo, na última terça-feira, a vacinação contra a gripe ou o crescente fluxo migratório de estrangeiros no Brasil têm a ver com quem pretende participar do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio)? São assuntos que podem servir de mote para a redação. Faltando 26 semanas para o início das provas, marcadas para 4 e 11 de novembro, há tempo suficiente para se preparar para a dissertação. Se o foco é a tão desejada nota mil, vale duas sugestões: treinar bastante e se manter bem informado sobre o que acontece no País e no mundo.

Ano passado, somente 53 candidatos, de um universo de cerca de 4,7 milhões que escreveram a redação, conseguiram a nota máxima na avaliação. O tema foi “Desafios para Formação Educacional de Surdos no Brasil”. Para obter esse desempenho, os estudantes somaram 200 pontos em cada uma das cinco competências observadas pelos corretores.

Professora há 30 anos, Fernanda Bérgamo sugere que o primeiro passo na preparação para a redação do Enem é saber quais são essas competências. Entender o que cada uma significa e se empenhar para cumpri-las é um dos caminhos para chegar ao bom resultado.

“O estudante precisa saber como vai ser cobrado, o que o corretor vai exigir”, diz. “É importante também praticar toda semana. Como o Enem é em novembro, escrever um texto por semana será suficiente, sempre no gênero dissertativo-argumentativo”, ressalta Fernanda.

Boa parte dos participantes está longe da escola (ano passado, 63,5% dos inscritos tinham ensino médio completo e 45% tinham mais de 20 anos). Por isso, quem está se preparando sozinho para o exame deve pedir ajuda a amigos e familiares. “Troque ideias. Peça que leiam seu texto e façam críticas sinceras à sua produção”, diz Fernanda.

Uma sugestão de roteiro: defina, na segunda-feira, qual será o tema da redação que vai escrever na semana. Até a quarta-feira, pesquise, leia sobre o assunto, debata com parentes, levante aspectos positivos e negativos. Na quinta-feira escreva a dissertação. Se cumprir, começando já esta semana, você terá feito 26 redações.

“Marque uma hora e meia para redigir o texto, sem interrupção ou distração. Avise à família que não poderá ser incomodado. Escreva com caneta preta, numa folha com 30 linhas. É pra tratar essa produção como se fosse a prova valendo. E passar o rascunho a limpo imediatamente”, indica a professora.

Depois, entregue para pelo menos duas pessoas e ouça a avaliação. Escolha alguém que seja bom leitor e de confiança. Na semana seguinte, é imprescindível investir naquilo que elogiaram e melhorar o que criticaram.

Estrutura

Uma das competências exige que o vestibulando escreva corretamente as palavras. Não pode usar expressões coloquiais ou regionais, gírias ou abreviações. O ideal, sugere Fernanda, é estruturar a redação em quatro parágrafos, sendo um para introdução, dois para desenvolvimento e o último para conclusão.

“Nenhuma redação nota mil no Enem teve só três parágrafos. A impressão que passa para o corretor é que o candidato não domina o assunto se ele escreve só três parágrafos”, comenta Fernanda. “Na introdução, é fundamental expor o problema, mostrar que compreendeu o tema e responder a pergunta: qual minha opinião sobre isso? Apresentar suas ideias, que serão aprofundadas nos desenvolvimentos”, explica.

Para chegar à nota máxima o candidato necessita também colocar no texto pelo menos duas áreas diferentes de conhecimento. Pode ser um dado estatístico, um fato histórico, um pensamento ou frase de um filósofo, um trecho de uma música ou a citação de um filme.

Os dois parágrafos de desenvolvimento devem ter informação, opinião e argumentação. E tudo isso bem amarrado, conectado. Para terminar, a conclusão da redação do Enem exige que o estudante apresente propostas para o problema. “Vale destacar que o vestibulando tem que indicar propostas para os problemas que ele colocou no desenvolvimento. Acontece muito de o aluno propor ideais para o tema da redação, sem considerar o que ele escreveu”, comenta Fernanda.

Na conclusão, além de fugir do senso comum, o candidato deve responder a quatro perguntas, segundo Fernanda: quem, o quê, como e para quê. “Propostas que não sejam utópicas e que estejam conectadas com o restante do texto”, complementa a docente.

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