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Brasil A tendência é que a inflação encerre o ano em um patamar ainda mais alto

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Os dados do IPCA-15 foram divulgados pelo IBGE. (Foto: Divulgação)

A inflação oficial medida pelo IBGE voltou a acelerar em setembro, para 0,48%, em relação ao mês anterior. E, depois de um ano e meio comportada, chegou a 4,53% no acumulado em 12 meses, ultrapassando o centro da meta estipulada pelo Banco Central (BC), que é de 4,5% para este ano.

A tendência, segundo analistas, é que o índice encerre o ano ainda mais alto, reflexo da valorização do dólar e do barril de petróleo, que já vêm pressionando os preços de combustíveis. Em setembro, o resultado, que é o maior para o mês desde 2015, foi puxado para cima por uma alta significativa do preço médio do litro da gasolina.

O Itaú revisou a projeção da taxa para 2018, de 4,1% para 4,5%, e o IBRE/FGV já projeta um IPCA de 4,7% para o ano. Em 2017, o índice ficou em 2,95%. “Até maio desse ano, as estimativas eram de uma inflação de, no máximo, 3,6% para 2018. Depois disso, começamos a acumular uma desvalorização cambial que gerou uma gordura difícil de não ser repassada.

O dólar impactou os combustíveis e também commodities agrícolas, como a soja e o milho, que acabam encarecendo o preço da ração animal e, consequentemente, da carne bovina e de aves; e do trigo, que impacta para cima os preços de biscoitos, massas e pães”, explica André Braz, economista do IBRE/FGV, ressaltando que, juntos, gasolina e alimentos consumidos em casa têm peso significativo no orçamento das famílias, correspondendo a entre 25% e 30% dos gastos.

O preço do pão francês, por exemplo, já sofreu reflexos este mês, observa Luiz Roberto Cunha, economista da PUC-Rio. Subiu 0,96%. “Há uma tendência que o IPCA de outubro seja até mais alto do que o de setembro, no mínimo algo em torno de 0,5 pontos percentuais acima. Isso vai fazer com que nos 12 meses do ano a inflação fique bem acima do centro da meta. E, no segundo semestre, dezembro é o mês que costuma ter a inflação mais alta”, explica Cunha, que projeta um IPCA de, no mínimo, 4,6% para 2018.

Economistas ouvidos pela Bloomberg estimavam uma taxa de 0,43% no mês e de 4,48% em 12 meses. Surpreendeu para cima o preço da gasolina, cujo preço médio teve alta de 3,94% em setembro. Além de um dólar mais alto, o combustível também vem sendo impactado pelo crescimento externo do preço do petróleo, já que a política de preços da Petrobras considera tanto o valor do câmbio quanto o preço do barril para determinar os reajustes da gasolina.

“A Petrobras autorizou aumento na ordem de mais de 7% no preço do combustível nas refinarias, em setembro. Essas altas acabaram sendo repassadas ao consumidor”, explicou Fernando Gonçalves, coordenador de Índices de Preços do IBGE.

A inflação do mês também foi influenciada pelo acréscimo de 16,81% nos preços das passagens aéreas, em razão do feriado da Independência. Por conta da alta nesses dois itens, o grupo de transportes foi o que mais acelerou em setembro, em relação ao mês anterior. Teve alta de 1,69%. Comunicação e vestuário foram os únicos dois grupos com deflação no período, com recuo médio de preços de 0,07% e 0,02%, respectivamente.

O diesel e o álcool também tiveram altas significativas em setembro. O primeiro subiu 6,91% e o segundo 5,42%. Ambos vinham de deflações nos meses anteriores. O preço médio do diesel havia caído em junho, julho e agosto e o do álcool em julho e agosto. Segundo Fernando, o diesel foi impactado pela valorização do dólar. O álcool teve acréscimo, explica Braz, por conta da redução da oferta de cana de açúcar, por conta da entressafra e também de um maior direcionamento da planta para a produção de açúcar, pelo setor sucroalcoleiro.

Essa alta, avalia Cunha, deve abrir caminho para o BC aumentar a taxa básica de juros, a Selic, que hoje está em 6,5% ao ano. “O Banco Central sinalizou na última ata que, claramente, a inflação já iria correr nos próximos meses e, principalmente, ano que vem acima do centro da meta. Acho que o Banco Central aumentará a taxa duas vezes esse ano”, disse o economista. Ele aposta em duas altas de 0,25 ponto percentual este ano, o que elevará a taxa para 7%. Em 2019 a Selic deve crescer ainda mais, para 8%.

O grupo de alimentação e bebidas, que corresponde a um quarto dos gastos das famílias, após duas quedas seguidas, de 0,12% em julho e, em agosto, de 0,34%, teve alta de 0,10% em setembro. Os destaques foram as frutas (4,42%), o arroz (2,16%) e o pão francês (0,96%). Do lado das quedas, sobressaíram a cebola (-12,85%), a batata inglesa (-8,11%), leite longa vida (-5,82%), a farinha de mandioca (-5,54%) e os ovos (-2,15%).

O grupo de alimentação fora de casa teve alta de 0,29%, com destaque para aumentos médios de 0,57% do preço do lanche e de 0,19% da refeição.

Em agosto, a inflação havia ficado negativa em 0,09%, a menor para o mês em 20 anos. O mais recente Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central na última segunda-feira, aponta uma taxa de 4,3% para o acumulado fechado de 2018, abaixo do centro da meta do governo. Por Região Metropolitana do País, das 16 pesquisadas, sete tiverem taxas maiores do que a média para todo o país, sendo a de Brasília a maior, de 1,06%.

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