Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Brasil Acusado em 1988 de ser o assassino dos pais em um crime que ficou célebre, Jorge Bouchabki foi absolvido por falta de provas e hoje defende acusados na Operação Lava-Jato

Compartilhe esta notícia:

Agora uma empresa pode ter acesso à justiça gratuita. (Foto: Freepik)

Há cerca de quatro anos, o advogado Jorge Delmanto Bouchabki chegou para uma audiência e viu que na lista que o funcionário do tribunal trazia na mão, seu nome vinha acompanhado de uma anotação: rua Cuba. O endereço era referência a um dos mais famosos crimes da década de 1980. Na véspera do Natal de 1988, o advogado Jorge e sua mulher, Maria Cecília, pais de Bouchabki, foram mortos em sua casa localizada no Jardim América, bairro nobre de São Paulo. O rapaz, então com 18 anos, foi acusado pelo Ministério Público de São Paulo de ser o autor dos disparos.

Absolvido pela Justiça por falta de provas em duas instâncias – a última, em 1999 – Bouchabki não conseguiu apagar por completo o estigma da acusação. “Eu nunca fui tratado como suspeito. Ser tratado como suspeito eu até entenderia. Mas me trataram sempre como culpado. Eu fui condenado pela imprensa”, diz o hoje advogado em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo – a primeira vez que fala à imprensa, segundo ele, em 27 anos. “Eu não tenho problema em falar sobre o assunto. Eu não matei meus pais. Estou tranquilo”, disse.

“Mas a vida é redonda”, arremata, para dizer que deu a volta por cima. Aos 47 anos, ele segue frequentando tribunais, mas para defender seus clientes – entre eles, réus em cinco processos ligados à Operação Lava-Jato.

Bouchabki é advogado de João Muniz Leite na ação em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é acusado de ser o verdadeiro dono de um apartamento vizinho ao seu, em São Bernardo do Campo (SP).
O imóvel está no nome do empresário Glaucos da Costamarques e foi comprado com dinheiro da Odebrecht. A defesa de Lula diz que o ex-presidente alugava o apartamento para acomodar seus seguranças. Leite trabalhou como contador para o petista e foi quem levou os recibos do aluguel do imóvel para Costamarques assinar.

Os comprovantes foram apontados como verdadeiros por uma perícia contratada pela defesa de Lula, mas os procuradores insistem que são falsos e que o apartamento é, na verdade, propina paga pela empreiteira.

Outro réu defendido por ele é Alexandre Margotto, ex-sócio do operador Lúcio Funaro, acusado nas operações Cui Bono? e Sepsis de participar de um esquema que extorquia dinheiro de empresários com interesse em financiamentos na Caixa.

Bouchabki atua ainda em processos da operação Greenfield, que investiga desvios em fundos de pensão, e da Porto Victória, que apura uma quadrilha especializada em evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

Mancha

Jorge Bouchabki guardou durante anos tudo o que era publicado sobre ele. Acumulou recortes de jornais e revistas. Pensou em processar os autores das reportagens, mas preferiu não levar adiante.

“Joguei tudo fora anos atrás, nem me lembro quando.” Mas conserva na memória boa parte das matérias. “Eu sofri um bombardeio. Um dia um perito foi em casa e achou uma mancha azul num colchão que ficava embaixo da minha cama. Era uma mancha de caneta que tinha estourado, mas na imprensa saiu que a perícia tinha achado uma mancha no meu quarto que podia ser de sangue dos meus pais”, diz.

“Outra vez um policial entrou no sótão de casa e sujou a camisa nas paredes empoeiradas. Tirou a camisa e saiu de casa com ela na mão, vestido apenas com a camiseta que estava por baixo. No dia seguinte havia uma matéria dizendo que a polícia achou uma camisa com vestígios de sangue no meu quarto”.

Ele reclama até da maneira como o identificaram nas reportagens. “Eu nunca fui chamado de Jorginho. O meu apelido em casa e com os amigos era Ginho. Esse negócio de Jorginho foi invenção de jornalistas. Eu odeio ser chamado assim”, diz. “Por isso eu peguei aversão a policial, promotor e a jornalista.”

Em 2010, porém, a família de um delegado preso numa operação da Polícia Federal bateu à sua porta. No primeiro encontro com o cliente preso, foi perguntado pelo policial o que achava da profissão que ele exercia. “Eu disse que não gostava e contei o que tinha acontecido com minha vida, mas que iria defendê-lo da melhor forma”, diz.

“No final das contas, o caso era uma enorme injustiça contra ele, que foi absolvido em segunda instância nos sete processos. Hoje somos amigos”, disse. “A vida é redonda”, arremata.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

PT aumenta pressão sobre política econômica de Dilma
Ministério Público intervém e empresa de São Paulo retirará milhares de pneus de área localizada no RS
https://www.osul.com.br/acusado-em-1988-de-ser-o-assassino-dos-pais-em-um-crime-que-ficou-celebre-jorge-delmanto-bouchabki-foi-absolvido-por-falta-de-provas-e-hoje-defende-acusados-na-operacao-lava-jato/ Acusado em 1988 de ser o assassino dos pais em um crime que ficou célebre, Jorge Bouchabki foi absolvido por falta de provas e hoje defende acusados na Operação Lava-Jato 2018-02-11
Deixe seu comentário
Pode te interessar