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Brasil A ex-primeira-dama do Rio de Janeiro Adriana Ancelmo, alvo da Operação Lava-Jato, influenciou nomeações até mesmo no Superior Tribunal de Justiça

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Desde março, a mulher de Sérgio Cabral aguarda julgamento em prisão domiciliar. (Foto: EBC)

Em 2010, no início da campanha pela vaga de desembargador no TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio), o então promotor Paulo Rangel dizia não ter apoio de ninguém. A advogada Adriana Ancelmo, estava em seu quarto ano como primeira-dama do Estado. Rangel seria o quarto nomeado a passar em seu escritório para pedir apoio junto ao então governador Sérgio Cabral. Uma indicação decisiva.

Até o marido dela chegar ao governo fluminense, Adriana era uma advogada de pouco destaque, sócia do ex-marido Sérgio Coelho em um escritório de médio porte. “Braço jurídico” do casal, ele ganhou a atribuição de avalizar nomes para o tribunal.

A ex-primeira-dama, alvo de quatro ações penais da Operação Lava-Jato, teve uma infância de classe média baixa em Copacabana, onde estudou em escolas públicas. Aos 16 anos, trabalhou como vendedora em lojas. De formação católica, participava do grupo jovem da paróquia da Ressurreição.

Formou-se em Direito na PUCRJ, onde conheceu Regis Fichtner, que viria a ser secretário da Casa Civil de Cabral. Foi ele quem levou Ancelmo para trabalhar na procuradoria da Assembleia Legislativa, onde ela conheceu Cabral em um encontro casual no elevador. O casamento ocorreu em 2004.

No início do governo, por ciúmes, ela vetou assessoras que trabalhariam diretamente com o governador. Buscou também ter presença pública. Apoiou, por exemplo, a ONG Pró-Criança Cardíaca para arrecadação de fundos para a construção de um hospital. “A presença dela fazia diferença. Mandava e-mails para empresários mostrando a seriedade do projeto”, disse a médica Rosa Célia, fundadora da ONG.

A placa de agradecimento ao casal está até hoje no saguão do hospital. Na parede oposta, a lista de doadores inclui alvos da Lava-Jato, como a Carioca Engenharia e Arthur Menezes de Soares, ex-dono do grupo Facility.

Prestigiar a primeira-dama era uma forma de agradar Cabral. Além do apoio às suas iniciativas públicas, o escritório dela despertou interesses. Fundada em 1997, a banca tinha como especialidade até a posse de Cabral causas cíveis no setor de saúde. Depois, se diversificou.

A receita subiu, em valores atualizados, de R$ 3,9 milhões em 2006 para R$ 13,2 milhões em 2008. Concessionárias de serviços públicos, bancos e o setor imobiliário aderiram à cartela de clientes. “Quando a Adriana se torna primeira-dama do Estado, ela gerou uma grande atratividade. O escritório cresceu bastante por ela”, disse o ex-sócio Coelho à Justiça.

Relatos indicam que o acesso de Ancelmo a desembargadores do TJ-RJ impressionava os clientes. Enquanto concorrentes tinham dificuldade em marcar uma audiência com magistrados, ela os contactava pelo celular na frente de potenciais contratantes. Agora, executivos da OAS prometem delatar atuação dela junto ao Judiciário para favorecer a empreiteira.

Influência 

A chance de influenciar na composição do TJ surgiu a Ancelmo por acaso. Em 2006, semanas antes da posse do já eleito Cabral, o então defensor público Marco Aurélio Bezerra de Mello bateu na porta de seu escritório. “Busquei todas as autoridades. Um amigo em comum me disse: ‘A futura primeira-dama é advogada. Por que você não procura ela?’. Fui lá e apresentei meu currículo”, disse.

Todos os TJs reservam 20% das vagas para membros do Ministério Público e da OAB “”o chamado quinto constitucional. Os candidatos buscam apoiadores capazes de influenciar o governador, que escolhe um nome da lista tríplice enviada pelo TJ.

Por acordos previamente firmados, Mello não foi nomeado em 2006. Ganhou a vaga seguinte da OAB, em 2008. Desde então, a ex-primeira-dama compareceu à cerimônia da maioria dos desembargadores nomeados pelo quinto. Passou a ser chamada de “madrinha” por alguns.

A influência de Ancelmo chegou ao STJ (Superior Tribunal de Justiça). Os ministros Bendito Gonçalves, Luis Felipe Salomão e Marco Belizze pediram à advogada o endosso do governador em suas campanhas. A nomeação do último, em 2011, culminou numa briga do casal, origem da sucessão de fatos que provocaram a queda de popularidade de Cabral. Embora tenha recebido Belizze em seu escritório, Ancelmo defendeu a nomeação de seu sócio Rodrigo Cândido de Oliveira.

Ao ter a indicação recusada, Ancelmo se separou de Cabral. Foi quando Fernando Cavendish, ex-dono da Delta Construções, convidou o governador para seu aniversário na Bahia. Um helicóptero caiu, matando sete pessoas e revelando a relação próxima entre os dois. Meses depois, Ancelmo e Cabral reataram o casamento. Amigos relatam que o episódio agravou um problema crônico dela: a depressão que há anos lhe acometia.

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https://www.osul.com.br/advogada-mulher-ex-governador-rio-sergio-cabral-influenciou-nomeacoes-em-tribunais/ A ex-primeira-dama do Rio de Janeiro Adriana Ancelmo, alvo da Operação Lava-Jato, influenciou nomeações até mesmo no Superior Tribunal de Justiça 2017-06-25
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