Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 10 de agosto de 2015
Preso pela segunda vez há quatro meses, o ex-diretor da Petrobras Renato Duque decidiu trocar o renomado escritório carioca que o atendia desde seu envolvimento na Operação Lava-Jato, em novembro, por um advogado de atuação discreta e, até poucos meses, desconhecido em âmbito nacional: o paranaense Marlus Arns de Oliveira, 45 anos.
A mudança aconteceu após Duque decidir pela delação premiada, trilha já percorrida por 28 investigados do caso. Arns, que advoga há 22 anos, foi quem conduziu os acordos de colaboração de Dalton Avancini e Eduardo Leite, ex-executivos da Camargo Corrêa. Os dois foram condenados a quase 16 anos de prisão, mas, devido à delação, não voltarão para a cadeia e irão cumprir pena em regime domiciliar. Também foi o acordo que permitiu a ida dos empresários, que ficaram quatro meses presos, para casa. O advogado confirmou que o resultado funcionou como vitrine de seu trabalho. “A procura aumentou, não dá para negar”, revelou Arns.
Além dos dois executivos da Camargo e de Duque, o criminalista também conduz negociações de colaboração com o MPF (Ministério Público Federal) para mais dois nomes da Lava-Jato: o publicitário Ricardo Hoffmann, preso na sede da PF (Polícia Federal) em Curitiba (PR), e o assessor do ex-deputado Pedro Corrêa Ivan Vernon, que está em liberdade.
Mudança de lado
Até a Lava-Jato, Arns fazia parte do coro de críticos da delação. Professor da Academia Brasileira de Direito Constitucional, ele sempre falou contra o instituto, e admitiu que provavelmente continuaria fazendo isso se não tivesse entrado na operação. “Depois que firmei os acordos, não dei mais aulas. Quando voltar, vou mostrar que é um caminho da defesa, mas que precisa ser debatido, estudado e aprimorado”, disse o advogado.
Pessoas próximas dizem que a vida de Arns não mudou após a Lava-Jato – à exceção da agenda, que ficou mais concorrida. “É o mesmo carro, o mesmo apartamento”, conta o irmão Henrique Arns. “Não posso dizer que ele ficou mais rico. É simples, não ostenta”, emendou.
Uma integrante da equipe de Arns garantiu que os honorários não alcançaram a “tabela Catta Preta”, que, segundo comentários do mercado, variava de 2 milhões a 5 milhões de reais por delação. Pelo menos não ainda.
O paranaense tem outro desafio: a concorrência de seu conterrâneo, o advogado Figueiredo Basto. Pioneiro no Brasil em delações premiadas e há mais de dez anos nesse mercado, Basto tem quatro acordos homologados e um em negociação na Lava-Jato. (Folhapress)