Sexta-feira, 29 de março de 2024
Por Redação O Sul | 23 de agosto de 2017
Cerca de 780 mulheres participaram da Agas Mulher que contou com a palestra da CEO da joalheria Pandora no Brasil, Rachel Maia. A empresa dinamarquesa presente em mais de 100 países e nove mil pontos de venda, está no Brasil desde 2009 e tem à frente de seus negócios uma mulher que queria ser piloto de avião, mas que, por insistência do pai, formou-se em Ciências Contábeis. “Mas não desisti do que queria e tirei, sim, meu brevê de piloto”, contou Rachel. As participantes esgotaram a lotação do Centro de Convenções da Fiergs.
A CEO compartilhou com as mulheres presentes sua história de vida profissional e pessoal. Contou sobre sua família, sua dificuldade de ter filhos, do “susto maravilhoso” que foi saber-se grávida de sua filha Sara Maria, hoje com cinco anos, e que aguarda a chegada de seu filho adotivo. Rachel também relatou sua trajetória no mundo dos negócios ainda dominado pelos homens que, segundo ela, “falam baixinho e são escutados” enquanto as mulheres precisam de muito esforço e determinação para se fazerem ouvidas. Relembrou sua passagem por importantes empresas como a internacional Tiffany, que lhe deu entrada para o mercado de luxo.
Na tela, várias capas de revistas e jornais do mundo todo com reportagens e entrevistas com a CEO. “Sempre mostro minha presença na mídia. Para que vejam quão poderosas podemos ser. Num mundo tão machista, eu estou presente no mercado, nas reuniões, na decisões. Eu pertenço a este lugar também. Porque eu quis estar aqui. Mas não vou enganá-las: às vezes saio destruída. Nem sempre me dão vez e voz. A regra é dos homens no mundo corporativo. Nem sempre é bacana e acontece de chegar em casa e chorar. Sou humana! Mas não desisto! No dia seguinte levanto e vou em frente!”, afirmou Rachel.
Para ilustrar a luta das mulheres por um lugar no mundo corporativo, Rachel apresentou dados:
Apenas 15% dos executivos no Brasil são mulheres
55% das mulheres estão no mercado de trabalho
As mulheres trabalham, em média, 7 horas a mais que os homens por semana
No mundo, mais de 50% das empresas não têm mulheres em cargos de liderança
De cada 100 cargos no Brasil, 15 são ocupados por mulheres sendo que apenas 1% são negras
No Brasil, as mulheres ganham 23% menos que os homens
Uma em cada cinco mulheres negras é empregada doméstica
O debate
Com a mediação da jornalista Kelly Matos, mulheres de idades e atividades diferentes subiram ao palco para participar do debate “Mulheres de sucesso no mercado de trabalho”. A deputada estadual Any Ortiz, a presidente da Federasul Simone Leite, as empresárias Camile Bertolini e Clori Peruzzo e a médica e presidente do IMAMA, Maira Caleffi conversaram sobre a vida multifacetada das mulheres, seu papel na família e no trabalho.
Cada uma falou um pouco sobre suas vidas e atividades, das dificuldades enfrentadas para chegarem aos lugares que hoje ocupam. Maira relatou os 24 anos à frente do trabalho voluntário cuidando de mulheres com câncer de mama, suas experiências no consultório. Simone contou do orgulho de assumir a presidência de uma entidade no Estado e que a diretoria da Federasul tem atualmente 18 mulheres atuando e que só não tem mais (são 54 pessoas ao todo) porque o Rio Grande do Sul é machista e que as mulheres ainda não têm coragem de assumir postos de liderança. Camile e Clori disseram das dificuldades de marcar presença e ganhar a confiança nas empresas familiares e Any falou dos preconceitos que teve que superar para atuar na política.
A conclusão de todas foi praticamente unânime: as mulheres devem ocupar o lugar que quiserem, conquistar não pelo gênero, mas pela coragem de fazer. Viver sem culpa, pois deve ter convicção de fazer o que acha certo, impor respeito pela persistência e acreditar no que faz.