Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 4 de maio de 2019
Além ser dono de 134 estatais, o governo é acionista de 111 empresas de capital aberto e fechado por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Isso inclui empresas como Bombril, os frigoríficos JBS e Marfrig e até marcas que enfrentaram recuperações judiciais, como a ex-Arapuã (eletrodomésticos) e LBR Lácteos. Os setores são variados, como esgoto, papel, construção e peixes. Veja a lista completa no site do BNDES. Essas participações totalizam R$ 104,8 bilhões, dos quais R$ 100,3 bilhões são de 40 companhias com ações na Bolsa e R$ 4,5 bilhões das outras 71 firmas com controle fechado.
O Ministério da Economia quer mudar essa situação. A ideia é que todo esse dinheiro possa ser empregado para o financiamento de pequenas e médias empresas que hoje têm dificuldade com crédito. “Nada contra algumas empresas, mas não há justificativa para o BNDES ser acionista de construtora”, disse um auxiliar do ministro da Economia, Paulo Guedes, que pediu para não ser identificado. Essas participações acionárias garantem ao BNDES presença em 44 conselhos de administração, o que assegura a estatal participar das decisões estratégicas de várias das companhias. Entre elas está a Vale, uma das maiores mineradoras do país e que vive uma grande crise desde a tragédia de Brumadinho (MG).
Carteira de ações
Dos R$ 100,3 bilhões investidos em ações, R$ 46 bilhões estão aplicados em ações da Petrobras e outros R$ 17,2 bilhões em ações da Vale. Somente as duas companhias concentram mais de 60% da carteira. Fibria (R$ 11 bilhões), JBS (R$ 7 bilhões) e Eletrobras (R$ 6,2 bilhões) e Suzano (R$ 3 bilhões) completam o ranking das maiores participações acionárias do BNDES. “O movimento de venda desses papéis será cauteloso até porque o BNDES é acionista de diversas companhias com peso relevante na Bolsa, como Petrobras e Vale. Entretanto, a vocação do banco é emprestar dinheiro e contribuir com o desenvolvimento do país. E não ser acionista de empresas”, disse o mesmo técnico da equipe econômica.
Devolução
Além de querer reduzir a carteira acionária do BNDES, o governo quer que o banco devolva a União R$ 126 bilhões em 2019, segundo o secretário especial de Fazenda, do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues Júnior. O ofício com o pedido já foi encaminhado ao presidente do banco, Joaquim Levy.
O Executivo quer que os recursos sejam devolvidos em três parcelas ao longo do ano. Pelos cálculos do Ministério da Economia, o banco público ainda tem R$ 270,9 bilhões de recursos que foram emprestados pelo Tesouro e que geraram subsídios de R$ 170,3 bilhões. Procurado, o BNDES afirmou que acompanha as condições de mercado e as oportunidades de desinvestimento dos ativos da carteira de valores mobiliários, buscando maximizar valor no longo prazo.