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Mundo Alemanha usa aeroporto que era dos nazistas para abrigar refugiados

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Hoje, 1.586 refugiados vivem no antigo aeroporto de Tempelhof, em quartos improvisados com paredes de biombos, sem cobertura. (Crédito: Reprodução)

O pé-direito de 16 metros não deixa dúvidas de que o local não foi feito para ser uma moradia. Mas em quatro dos sete hangares do antigo aeroporto de Tempelhof, concebido por nazistas nos anos 1930, em uma área de quase 4 quilômetros quadrados na região central de Berlim (Alemanha), vivem hoje 1.586 refugiados. Inaugurado em outubro de 2015, o maior abrigo da capital alemã funciona como uma pequena cidade, mas o fato de ocupar uma construção tão simbólica faz da relação com a cidade do lado de fora algo ainda não muito bem resolvido.

Os refugiados moram em quartos improvisados com paredes de biombos, sem cobertura, onde dormem de seis a oito pessoas. A estrutura foi montada para não interferir na arquitetura do terminal, que é patrimônio histórico. A tubulação de água para as cerca de 30 cabines por hangar que funcionam como banheiro também teve de ser instalada externamente, sem quebrar paredes. Mesmo neste ambiente, os moradores fazem questão de agradecer por meio de inscrições e desenhos nas paredes dos quartos. “Ich bin Yesidi, ich liebe Deutschland” (“Sou yazidi, amo a Alemanha”), diz uma mensagem, em referência à minoria perseguida pelo Estado Islâmico no Iraque.

Em outro biombo, a bandeira alemã foi pintada com as cores se unindo às do Afeganistão, país de origem de 27% dos refugiados de Tempelhof – o maior grupo é de sírios (31%). “Serei sempre grata ao que estão fazendo por nós”, garante a afegã Shah Fayizie, 43 anos, há quatro meses no abrigo. Ela perdeu o marido em um ataque a bomba da facção extremista Taleban. Decidiu fugir com os sete filhos em busca de abrigo na Europa. “Na Turquia, pegamos um barco com 72 pessoas para a Grécia. O bote afundou, mas a Guarda Costeira nos resgatou, e todos da nossa família sobrevivemos”, afirma o filho mais velho, Zaer, 19.

Nascido em Aleppo, o sírio Sami Akil, 26, também pegou um barco superlotado para chegar à Grécia e depois atravessar o sul da Europa até a Alemanha. Em Tempelhof há seis meses, quer ficar em Berlim, onde já vivem dois amigos também refugiados. “Pretendo aprender alemão e trabalhar”, afirma Akil, que recebe do abrigo 135 euros mensais (cerca de 550 reais), assim como cada morador.

Tempelhof tornou-se um abrigo às pressas, quando a política de “braços abertos” da chanceler Angela Merkel fez o fluxo na fronteira chegar a até 800 refugiados por dia. “Ônibus lotados eram mandados para cá, e tínhamos de achar um lugar grande o suficiente para essas pessoas”, lembra Sascha Langenbach, porta-voz da divisão do Senado de Berlim para Saúde e Assistência Social, que supervisiona os abrigos.

Gueto.

O uso de Tempelhof, porém, sempre foi tema sensível para os berlinenses. Após a Segunda Guerra Mundial, o aeroporto serviu para aviões americanos trazerem alimentos e outros bens. Após a reunificação, o terminal passou à aviação civil. Sua desativação ocorreu em 2008, e a área das pistas virou um parque. O governo tinha planos de adaptar o terminal para construir até 4,7 mil moradias, mas a proposta foi rejeitada em 2014 por um referendo.

À medida que os refugiados chegavam, integrantes do movimento 100% Tempelhofer Feld (“Campo de Tempelhof”), que viabilizaram o referendo, questionaram a medida. A polêmica se agravou em janeiro, quando o Senado aprovou uma lei, alegando emergência, segundo a qual Tempelhof será um abrigo até no máximo dezembro de 2019 e poderá receber até 7 mil refugiados – no auge do fluxo migratório, acolheu 2.750.

Mareike Witt, uma das líderes do 100% Tempelhofer Feld, aponta que a mudança da lei foi feita sem discussão com a sociedade. “Criaram um local desumano e semelhante a um gueto”, afirma. Para ela, não há integração entre refugiados e frequentadores do parque. “Não entendo por que não põem um portão na cerca [que separa o terminal da área verde] para servir de acesso aos refugiados.” (Folhapress)

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https://www.osul.com.br/alemanha-usa-aeroporto-que-era-dos-nazistas-para-abrigar-refugiados/ Alemanha usa aeroporto que era dos nazistas para abrigar refugiados 2016-04-30
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