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Cinema Amor na maturidade

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Quarteto: Sam Waterston, Lily Tomlin, Jane Fonda e Martin Sheen protagonizam a série. (Foto: Divulgação)

“Grace and Frankie” faz humor com mulheres deixadas pelos respectivos maridos que precisam reaprender a viver 

A presença de Jane Fonda naquele pequeno quarto de um hotel de luxo na Cidade do México era quase palpável do lado de fora. Colado na porta, um cartaz com o nome da atriz parecia atrair assessores, produtores, repórteres e curiosos. Do lado de dentro, impecavelmente bem­-vestida, sem um fio de cabelo fora do lugar da cabeleira loira, não se levanta à chegada de um novo repórter para uma nova entrevista. Mantém-­se sentada debaixo de uma luz forte. “Você assistiu à série?”, questiona, firme. Para a entrevista sobre a nova empreitada de Jane, a série de TV “Grace and Frankie”, foram liberados os cinco primeiros episódios. Aparentemente, o jornalista que a entrevistara anteriormente não havia feito a lição de casa. E Jane Fonda não estava contente com isso.

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“Você tem cinco minutos de entrevista”, diz a produtora, posicionada à direita de Jane. “Aviso quando o tempo estiver perto do fim.” Assim que as câmeras são ligadas, a atriz duas vezes vencedora do Oscar, por “Klute, O Passado Condena” (1971) e “Amargo Regresso” (1978), encarna mais uma personagem. Quantas entrevistas já concedeu na vida? Uma quantidade que nem ela deve saber. Fala pausadamente, bastante explicativa. Sorri pouco, mas o suficiente para ficar bem na câmera. São cinco minutos, pouco tempo para falar de uma carreira que envolve 53 participações como atriz em televisão e cinema. Mas o suficiente para explicar o que a levou a se envolver tão profundamente em Grace & Frankie, nova série do Netflix, serviço por assinatura de TV para internet, que estreou nesta sexta-feira (8).

Além de protagonizar – ela é Grace, do título –, Jane também assina o seriado como produtora executiva. Em cinco minutos – seis, na verdade, porque ela se estendeu –, Jane confessa que exerceu mais a função de protagonista do que de comandante do barco. “É a primeira vez que atuei fixamente em uma série episódica”, ela explica. “Então, para ser bastante franca, nesta primeira temporada, passei por um grande período de aprendizado. Não exercitei muito o meu papel de produtora executiva neste primeiro ano.”

Cinquenta e cinco anos depois de começar a carreira como atriz e 77 de vida, Jane Fonda ainda se propõe a aprender. É uma reinvenção profissional tão grande quanto a revolução que se dá na vida da personagem Grace, recém­-separada do marido no seriado. Aos poucos, mesmo em cinco minutos, Jane se permite sorrir mais.

Era um jantar comum. Dois sócios da empresa de advocacia e as respectivas esposas. Todos se conhecem há 40 anos. Elas, é verdade, não se gostam tanto. Uma faz o tipo de hippie e a outra, a perua. Os maridos, contudo, gostariam de anunciar algo. Minutos depois, a comida servida no restaurante é arremessada para todos os lados. Barraco de fazer inveja a Fernanda Montenegro e Paulo Autran na clássica cena da novela da TV Globo “Guerra dos Sexos”, no ar de 1983 a 1984. É apenas o começo para as duas protagonistas que dão nome a “Grace & Frankie”, que terá os 13 episódios de meia hora.

Grace e Frankie são, respectivamente, interpretadas por Jane Fonda e Lily Tomlin, a perua e a hippie. O humor parece brotar das duas a todo o momento, mesmo em períodos de intenso desespero, como na cena citada acima. A ideia da série nasce da premissa: e se dois sócios de uma firma de advocacia, casados há 40 anos, se apaixonassem um pelo outro? Eles largariam suas famílias para viver aquele amor? Na nova série, contudo, não de início. Foram necessários 20 anos de uma relação escondida das respectivas esposas para que eles, vividos por Martin Sheen e Sam Waterston, pudessem, enfim, viver aquilo que queriam há duas décadas.

A história foi criada por Marta Kauffman, famosa criadora do blockbuster televisivo “Friends”, e Howard J. Morris, de “Home Improvement”. “Eu queria fazer uma série sobre pessoas mais velhas há muito tempo”, conta Jane. “E, então, Marta Kauffman chegou a mim com esse projeto.”

É a relação entre Grace e Frankie, ou Jane e Lily, que domina a trama do seriado. Suas diferenças, inquietações, tudo criou uma inimizade de anos. Agora, além de terem sido abandonadas pelos maridos, elas precisam lidar com questões socioculturais e até jurídicas decorrentes do fato dos respectivos esposos viverem juntos.

A televisão, é claro, não é um novo habitat, mas não é tão confortável e conhecido como o cinema. O último trabalho dela havia sido na TV. Entre 2012 e 2014, ela interpretou a personagem Leona Lansing por dez episódios de “The Newsroom”, ao lado de Jeff Daniels.

Ela, contudo, vê o futuro da televisão distante dos canais abertos e pagos. O streaming, defende a atriz, é que conseguirá aliar conteúdo de qualidade e adequação às novas necessidades da sociedade moderna. Para quem produz TV, o streaming é vantajoso, ela diz. “(A experiência de se gravar uma série) é diferente. É como fazer um filme que dure quatro meses, sabe? Você tem a chance, como ator, de se aprofundar no personagem. Conhecê­lo melhor. Há tanta coisa que se pode fazer ao longo de 13 episódios, se comparado a um filme de duas horas de duração”, explica. “Eu gosto do fato de as pessoas poderem assistir à temporada inteira em seis horas e meia. É maravilhoso poder criar isso.”

Ela defende ainda a liberdade criativa da TV por streaming. “Quando uma companhia decide que irá financiar ou distribuir ‘Grace & Frankie’ ou ‘House of Cards’, por exemplo, eles deixam você trabalhar. Elas seguem o instinto deles. ‘Isso vai ser bom. Sigam como quiserem’. Isso não acontece na televisão dos Estados Unidos.”

Nova vida 

“Às vezes, era melhor que você tivesse morrido”, diz em certo momento a personagem de Jane, logo após a revelação do marido. Não é o preconceito falando ali, mas, sim, o desespero. A interrogação de como levar a vida após os 70 anos sem o companheiro das últimas quatro décadas. Comédia dá o tom de “Grace & Frankie”, mas o drama, com uma avalanche de questionamentos, é responsável por rechear a trama.

“Ela [Grace] se transforma em mim e eu me transformo nela. O personagem vai crescendo dentro de você”, explica Jane, sobre a cena. “Como a Grace, eu passei por situações muito dolorosas e muito trágicas na minha vida. Achava que a minha vida havia terminado. Após as quais eu, literalmente, não sabia o que faria no dia seguinte. Tive que me perguntar: ‘Quem sou eu?’. É assim com a Grace.”

Encarar uma nova vida, aos 70 anos, é assustador e Jane Fonda quer se comunicar com esse público também. “Quando digo ao meu marido [Sheen] que seria mais fácil se ele tivesse morrido, é terrível, mas é verdade. É difícil aceitar que você não apenas levou um fora depois de quarenta anos, mas o homem com o qual você viveu por 20 anos está apaixonado por outro homem”, analisa.

“Muitas mulheres viveram isso. Coisas acontecem na vida de todos nós que fazem nos questionar quem nós somos. Você pensa que isso quebra você, mas a beleza disso é que você não quebrou, apenas ganhou mais uma possibilidade. Isso aconteceu comigo quando eu já era uma mulher mais velha. Na época, quis matá-­lo. Agora, eu sou grata por ele ter feito aquilo e me possibilitou ser livre.” (Pedro Antunes/AE)

Confira o trailer da série

Confira a galeria de fotos da série:

 

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