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Geral A análise do vírus da febre amarela sugere que ele tem vindo de países como a Venezuela e Trinidad e Tobago

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Processo começou entre o fim dos anos 1970 e o começo dos anos 1980. (Foto: Reprodução)

A análise do material genético dos vírus da febre amarela que causaram os surtos mais recentes da doença no Brasil sugere que eles têm vindo de longe – de países como a Venezuela e Trinidad e Tobago, no extremo norte da América do Sul.

Ao que parece, esse processo começou entre o fim dos anos 1970 e o começo dos anos 1980, quando uma nova cepa (variante) do vírus da doença, caracterizada por um pequeno número de mutações e originária de Trinidad, foi se tornando cada vez mais comum no território sul-americano, substituindo tipos mais antigos do vírus.

“Uma das perguntas mais interessantes que esse estudo levanta é se a substituição de linhagens que observamos seria resultado de um processo seletivo [ou seja, os novos vírus conseguiriam se reproduzir com mais eficácia que os demais] ou se depende de fatores ecológicos que não estão relacionados com a própria evolução do vírus”, diz o uruguaio Gonzalo Bello, pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) do Rio de Janeiro. “É algo que ainda não conseguimos responder.”

SINAL INVERTIDO

Se os dados publicados por Bello e seus colegas na revista especializada “Scientific Reports” forem confirmados, a posição do Brasil no mapa continental de surtos de febre amarela se inverte. Durante a maior parte do século 20, a Amazônia brasileira parece ter sido a grande “exportadora” de linhagens do vírus para os países vizinhos. Agora, há sinais de que o território brasileiro é que passou a “importar” novas linhagens do vilão microscópico.

A epidemia iniciada em dezembro de 2016 (que matou mais de 200 pessoas e foi responsável por 80% de todos os casos confirmados de febre amarela de 1980 até hoje), por exemplo, parece ter surgido a partir de uma cepa viral “venezuelana”, e o mesmo vale para o surto de 2008-2009, que alcançou até a Argentina.

Bello faz uma ressalva, no entanto: “A gente tem algumas lacunas de informação genética sobre o vírus ao longo da última década no Brasil, porque a vigilância molecular [ou seja, o acompanhamento do genoma dos vários tipos de vírus] é muito esporádica, em geral só é feita quando um surto já está ocorrendo. É possível que os vírus desses últimos episódios já estivessem circulando pelas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil, mas acabaram não sendo detectados”.

Para chegar a essas conclusões, a equipe da Fiocruz analisou dados genéticos de mais de 150 formas do vírus da febre amarela, isolados ao longo dos últimos 63 anos em nove países diferentes (estão incluídos nessa conta os vírus do surto de 2016-2017).

Os surtos das décadas mais recentes são todos ligados ao chamado ciclo silvestre da febre amarela. Nele, os principais afetados pela moléstia são macacos, picados pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes, mas humanos também podem ser infectados e sofrer com os graves sintomas da doença.

Como explicar que uma forma venezuelana do vírus acabou matando pessoas em Minas, no Rio e no Espírito Santo? Essa é outra pergunta em aberto, reconhece Bello. Os mosquitos transmissores da doença voam por distâncias muito curtas, afinal de contas, e há muitas barreiras entre a floresta equatorial da Venezuela e os remanescentes de mata atlântica do Sudeste brasileiro.

“Os mosquitos podem estar pegando carona no transporte humano, e o próprio tráfico de animais silvestres talvez contribua para esse processo também. De qualquer forma, o elo entre regiões distantes indica que pode haver uma relação com o aumento da mobilidade humana”, pondera ele. (Folhapress)

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