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Por Redação O Sul | 15 de julho de 2016
Se ter um filho não está nos seus planos pelos próximos anos, talvez essa seja uma boa notícia. A Parsemus Foundation, organização não governamental americana que investe na produção de um anticoncepcional masculino, está à procura de candidatos para a realização, ainda neste ano, do primeiro teste clínico do Vasalgel. O objetivo é que o produto chegue às prateleiras em 2018.
Elaine Lissner, diretora da fundação, afirma que a novidade poderá reduzir substancialmente o número de gestações não programadas. “Homens não ganharam novas opções [anticoncepcionais] em mais de um século. E não é porque estejam desinteressados: homens já estão usando os únicos dois métodos que eles têm – camisinhas, que são imperfeitas; e vasectomia, a qual é permanente.”
A busca por um método anticoncepcional para homens não é de hoje: vários já foram criados, porém demonstraram eficácia instável. Segundo especialistas, o funcionamento do Vasalgel pode transformar o pensamento dos médicos sobre prevenção à gravidez. Isso porque, pela primeira vez, um remédio estaria atuando na fonte de espermatozoides, em vez de focar no processo de fertilização. Desvantagens de meios tradicionais, como o risco de engravidar por esquecer de tomar uma pílula no mês ou a camisinha estourar, seriam eliminadas.
Única aplicação.
Diferente da pílula, o remédio não é usado em doses diárias, mas em uma única aplicação. O produto não tem hormônios em sua fórmula e funciona de modo similar à vasectomia.
O contraceptivo com polímeros é injetado nos vasos deferentes (que transportam o esperma na ejaculação) impedindo a fecundação. O gel formaria uma camada semipermeável, que funcionaria como uma barreira. Grandes demais para cruzarem essa barreira, os espermatozoides acabariam reabsorvidos pelo corpo do homem.
Já para reverter a aplicação do anticoncepcional masculino, seria necessária apenas uma nova injeção, dessa vez de bicarbonato de sódio, que desbloquearia os vasos deferentes.
O objetivo da organização é garantir que o tratamento possa ser revertido facilmente. De acordo com os cientistas, o produto teria durabilidade de até 12 meses.
Histórico.
O Vasalgel é baseado em um trabalho contraceptivo desenvolvido na Índia, também por meio de um polímero, e que se encontra em fases avançadas de testes. Até o momento, apenas moradores locais têm sido escolhidos para os testes, e estudos formais de reversibilidade por ora são realizados apenas em animais.
Desde 2010, a Parsemus Foundation tem trabalhado no desenvolvimento do gel para o resto do mundo. Nos testes feitos com animais, não foram encontrados espermatozoides a partir do vigésimo nono dia após a aplicação. O fluxo de esperma também voltou rapidamente após expelirem o produto.
Além disso, a Parsemus afirma que o Vasagel está sendo desenvolvido sob supervisão do órgão de regulação médica dos Estados Unidos dentro de padrões internacionais de produção.
A organização planeja lançar o medicamento por um preço bastante inferior ao de outros tratamentos contraceptivos compatíveis, tornando-o acessível a todo tipo de público. Para realizar esse feito, a Parsemus depende de doações de interessados em sua pesquisa.