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Mundo Ao reconhecer Jerusalém como capital de Israel, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contribuiu para tornar ainda mais tensa a situação no Oriente Médio

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Decisão do líder republicano foi criticada pela comunidade internacional. (Foto: Reprodução)

A decisão tomada na última quarta-feira pelo presidente norte-americano Donald Trump, reconhecendo Jerusalém como capital de Israel – e consequentemente transferindo para lá a embaixada dos Estados Unidos no país, reúne todos os ingredientes para agravar ainda mais a já difícil e tensa situação no Oriente Médio.

O problema é tão delicado, envolve tantas paixões e questões explosivas, que tudo indica que as ressalvas feitas por Trump – na tentativa de dourar a pílula amarga tanto para os árabes como para a comunidade internacional em geral, que se opõem à medida – serão incapazes de reduzir significativamente o estrago que a decisão pode produzir.

É o caso da alegação de que a rigor o que foi feito não muda em essência a situação atual de Jerusalém, porque os Estados Unidos não reconhecem a cidade como “capital indivisível” de Israel. Com isso, Trump indica que não deve reconhecer como parte de Israel o lado oriental da cidade, de maioria árabe e que foi anexada por este país depois da Guerra dos Seis Dias, em 1967.

Assim, nada impediria a continuação das negociações entre israelenses e palestinos. Além disso, como a decisão só se tornará uma realidade quando o edifício que abrigará a embaixada estiver concluído, haverá tempo para os ânimos se acalmarem.

Formalmente, não se fecharam as portas para um entendimento. Mas na realidade as coisas não são tão simples. Em primeiro lugar, é razoável prever, tendo em vista o histórico dessa questão, que as construções que vêm sendo feitas por Israel em toda a cidade, para tornar fato consumado o seu caráter de capital indivisível do país, podem se acelerar a partir de agora.

Em segundo lugar, mas não menos significativo, é o ceticismo mesmo dos aliados tradicionais dos Estados Unidos, tanto da Europa – como Reino Unido, França e Alemanha – como do Oriente Médio com relação àquelas ressalvas. A desaprovação foi dura, geral e imediata.

Não apenas o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, e o rei Abdullah II, da Jordânia, mais diretamente ligados ao problema, como outros líderes como o rei Salman, da Arábia Saudita, e o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, velhos aliados dos Estados Unidos, alertaram para o alto risco da medida.

A reação do presidente turco, para quem “Jerusalém é uma linha vermelha para os muçulmanos”, e do rei saudita, para o qual a decisão de Trump “vai provavelmente inflamar as paixões de muçulmanos ao redor do mundo”, resume bem as possíveis consequências de uma jogada perigosa.

A convocação de protestos em Gaza contra a medida de Trump, durante “três dias de ira”, é vista como prenúncio de provável onda de violência também no território ocupado da Cisjordânia, que se pode transformar numa nova Intifada.

Mais uma vez, Trump mostra que suas promessas de campanha – como a referente a Jerusalém – não foram feitas apenas para angariar votos demagogicamente. Devem ser levadas a sério. Nesse caso, o objetivo foi agradar à direita radical evangélica, que, por motivos religiosos, defende a mesma posição do governo israelense sobre Jerusalém.

Nessa como em outras decisões na área internacional, Trump parece deliberadamente alheio às graves consequências de suas atitudes para o resto do mundo, que são proporcionais ao enorme peso político, diplomático e militar de seu país.

Ao reconhecer Jerusalém como capital de Israel, na contracorrente da comunidade internacional, ele complica seriamente o já intrincado conflito árabe-israelense. Toma posição ostensivamente favorável a uma das partes, em uma questão sensível como poucas, o que compromete a condição de árbitro pretendida pelos Estados Unidos até agora, a única na qual poderiam exercer papel positivo na busca de um acordo.

E ele fez tudo isso sem pedir ao governo israelense nada em troca que pudesse facilitar de sua parte as negociações, ao contrário do que é usual nas relações internacionais. De novo, em vez de ajudar, Trump atrapalha a solução de um problema.

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