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Brasil Apenas cinco bancos brasileiros concentram 85% do dinheiro no País. É um poder elevado na mão de poucos

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Acesso digital tem sido o maior vetor para expansão de operações financeiras. (Foto: Reprodução)

A crise global de 2008, que teve como ponto alto a falência do Lehman Brothers, acionou um processo de fusões e incorporações de bancos no Brasil que provocou a última grande mexida de posições entre os cinco grandes do setor. O Unibanco foi comprado pelo Itaú apenas dois meses depois da quebra do norte-americano. Eles formaram, então, o maior banco do Brasil.

O Bradesco deixou para trás a liderança entre os privados, e o Santander, que havia assumido o controle do ABN Amro Real poucos meses antes, consolidaria sua condição de único estrangeiro capaz de integrar o pequeno grupo de gigantes no Brasil, composto também pela Caixa e pelo Banco do Brasil.

Como resultado, a concentração de ativos nos cinco bancos líderes disparou, de um patamar de 62% em 2008 para 85% em 2016, segundo dados do Banco Mundial, bem acima do verificado em países emergentes como México e Chile.

É um elevado poder na mão de poucos. Mas, para o BC (Banco Central), autoridade responsável por regular o setor, isso começou a balançar em 2013, com a explosão do fenômeno das “fintechs” – startups que atuam no ramo financeiro.

A sua chegada deu início a uma nova fase do sistema financeiro brasileiro, na avaliação de Otávio Damaso, diretor de regulação do BC. O primeiro momento, de 2003 a 2010, diz ele, foi o da inclusão, com o aumento do número de pessoas com acesso a crédito e a outros produtos bancários. Desde 2013, o acesso digital passou a ser o principal vetor da expansão das operações financeiras.

Funcionário de carreira do BC, ele lembra de uma reunião em 2008 com representantes dos bancos para discutir como ampliar a cobertura de atendimento. A resposta unânime era a aposta na instalação de novas agências. A ideia hoje soa antiquada.

“A era digital de agora, principalmente com o mobile [acesso pelo celular], quebra a principal barreira de entrada a novos bancos de varejo, que é a necessidade de agências”, diz. “Temos hoje, por exemplo, um banco digital com contas-correntes em mais de 3 mil municípios, sem agência bancária.”

Neste contexto, o diretor do BC diz acreditar que a competição tende a aumentar: “A concentração preocupa quando não há competição. O nível de concentração de ativos nos bancos [do Brasil] é similar ao de muitos países, mas são bancos que competem entre si. E o mais interessante é que estão chegando novos players: fintechs, financeiras, bancos digitais”.

Risco

A consequência natural da chegada desses novos atores é um número maior de instituições financeiras (e seus clientes) potencialmente afetados em caso de eventual nova crise, como a de dez anos atrás.

Em 2008, o governo vendeu a ideia de que a tempestade nos Estados Unidos se transformara em “marolinha” no Brasil. Uma das explicações da fortaleza local era a solidez dos bancos brasileiros, mais capitalizados e mais regulados. Desde então, o nível de capital guardado nos bancos do País, para fazer frente aos seus compromissos em caso de crise, seguiu elevado e até subiu.

Os maiores se comprometeram com uma régua ainda maior, conforme as regras globais apelidadas de Basileia, cidade-sede do BIS (Banco de Compensações Internacionais), o banco central dos bancos centrais. Mas nos últimos dois anos o BC vem mudando as regras para dar acesso a novas empresas de tecnologia.

Aldo Musacchio, estudioso do sistema financeiro brasileiro na universidade americana de Brandeis, afirma que a entrada de fintechs, especialmente na concessão de crédito a consumidores e pequenas empresas, pode prejudicar a estabilidade financeira: “O sistema no Brasil tinha poucos bancos, com muita concentração, poucos empréstimos como porcentagem do PIB [Produto Interno Bruto] e, então, tinha menos risco. Mas esse sistema era mais fechado para a pequena empresa”.

“Com as fintechs, adicionamos muito mais pessoas ao sistema bancário, mas também adicionamos risco e possível instabilidade. É um dilema importante de se discutir. Uma maior inclusão é necessária, mas sem perder de vista a estabilidade. Aí entra o papel do Banco Central, de regulamentar as fintechs e ter certeza de que elas têm as provisões necessárias dado o risco que estão adicionando ao mercado”, prossegue.

Conforme o economista Roberto Luis Troster, especialista em setor bancário, o BC exige de fintechs o cumprimento de obrigações semelhantes às de pequenos bancos, o que afastaria riscos de crises sistêmicas. Ele afirma, porém, que o BC deve se preocupar menos com isso e mais com medidas para ampliar a inclusão financeira: “A atividade bancária não é uma finalidade em si, o banco é apenas um intermediário. O que temos agora é um sistema sólido e eficiente, mas um baixo crescimento econômico”.

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https://www.osul.com.br/apenas-cinco-bancos-brasileiros-concentram-85-do-dinheiro-no-pais-e-um-poder-elevado-na-mao-de-poucos/ Apenas cinco bancos brasileiros concentram 85% do dinheiro no País. É um poder elevado na mão de poucos 2018-09-16
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