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Por Redação O Sul | 25 de maio de 2018
O preço do diesel subiu mais na refinaria do que nas bombas dos postos de combustível nos últimos dois meses. É o que mostra levantamento feito com dados da Petrobras e da ANP (Agência Nacional do Petróleo, do Gás Natural e dos Biocombustíveis) até segunda-feira (21), antes do início dos protestos dos caminhoneiros no País.
Até o começo da greve, a Petrobras havia subido mais de 47% o preço do combustível nas refinarias, para R$ 2,34, seguindo sua política de preços que reajusta os valores quase diariamente, com o objetivo de acompanhar as cotações internacionais. A decisão de repassar ou não o aumento ou não para o consumidor final fica a cargo dos postos.
Mas, nos postos, o preço do diesel subiu menos no mesmo período. De acordo com os dados da ANP, em cerca de 2 meses o valor médio do combustível nas bombas subiu 6,2%, para R$ 3,595, em média.
No entanto, apesar de a alta do preço do diesel nas bombas ser menor que nas refinarias, ela é significativa na comparação com a inflação. Segundo dado mais recente divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no acumulado no ano, até maio, o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) ficou em 1,23%, menor nível para o período desde a implantação do Plano Real, em 1994.
Disparada do dólar e do petróleo
O avanço dos preços nas refinarias aconteceu em meio a um movimento de disparada do dólar e dos preços do petróleo no mercado externo. No mesmo intervalo, a moeda dos Estados Unidos subiu 14% sobre o real, de R$ 3,2783 para R$ 3,7409.
Já o preço do barril de petróleo subiu 19%, passando de US$ 65,49 para US$ 78,09, segundo dados da Tendências Consultoria. O valor se refere ao petróleo do tipo Brent, usado como referência internacional.
Mudança nos preços após greve
Em meio às negociações do governo para acabar com a greve, a Petrobras reduziu o diesel em 10% nas refinarias na quarta-feira (23).
O acordo, no entanto, não conseguiu acabar com os protestos. No dia seguinte, o governo fez uma nova proposta para tentar entrar em acordo com a categoria. Pela proposta, a Petrobras passará a reajustar o preço do diesel a cada 30 dias, e não mais com uma frequência quase diária.
O governo iria subsidiar o diesel para a população, pagando para a Petrobras a diferença entre o preço de mercado e o valor praticado no período.
O governo prevê repasse de R$ 4,9 bilhões à Petrobras ainda em 2018 (R$ 700 milhões por mês) como forma de compensação pelas variações do dólar e petróleo.
Esse custo extra para o governo entrará no Orçamento, mas o governo não detalhou como isso será colocado em prática. Mas, para conseguir esse recurso, o governo reconheceu que terá de cortar despesas de outros setores.