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Mundo Apesar de não ter sido afastado da Renault, o executivo brasileiro preso no Japão é alvo de críticas por gestão centralizadora e resultados tímidos em inovação

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Carlos Ghosn, ex-executivo da Nissan está preso no Japão desde 19 de novembro. (Foto: Reprodução)

A decisão da montadora Renault de não afastar seu executivo-chefe, o brasileiro Carlos Ghosn, preso no Japão desde o mês passado por suspeita de não declarar parte do que ganhava à frente da montadora Nissan (que o demitiu), não deve ser tomada como sintoma de um mar de rosas na relação dele com a empresa francesa.

É o que dizem duas fontes que conhecem bem a firma europeia. Segundo elas, o estilo centralizador de Ghosn, que a Procuradoria de Tóquio acusa de ter omitido cerca de US$ 80 milhões (cerca de R$ 310 milhões) em rendimentos, era alvo de contestação nos corredores da Renault, assim como os resultados tímidos de sua gestão na rubrica da inovação automotiva.

“Ele não tinha preparado sua sucessão. E pior: deixou partirem para a concorrência [Peugeot] potenciais números 2”, afirma o analista financeiro Charles Pinel, sócio da consultoria Proxinvest, que assessora, via fundos de investimento e corretoras, cerca de 40 acionistas da montadora.

De acordo com ele, as críticas à “governança muito verticalizada, com pouco poder moderador” e ao “caráter autocrático” de Ghosn, turbinado pela passividade do conselho administrativo, vêm de longa data: “A remuneração de um executivo [a anual do brasileiro na Renault chegou a ser de mais de 7 milhões de euros] dá uma boa medida do grau de controle dele sobre seu conselho”.

O diretor-geral também era questionado internamente pelas ausências frequentes, fosse por razões de trabalho (ligadas ao comando da Nissan no Japão), fosse por motivos familiares (tem apartamentos no Brasil, onde nasceu, e no Líbano, país de seus ascendentes).

“Na hora das decisões importantes, ele nunca estava lá”, diz o jornalista Matthieu Suc, que escreveu em 2013 Renault, nid d’espions (ninho de espiões), sobre a controversa demissão de vários executivos da firma em 2011 por suposta espionagem industrial em favor da China –acusação com raiz em uma carta anônima endereçada à direção.

Para Suc, Ghosn vendeu muito bem a imagem de “cidadão do mundo”, grande patrão e mito do gerenciamento e do enxugamento de custos, mas a realidade é bem menos exuberante: “Ele sempre soube jogar com a distância entre os continentes”, avalia o jornalista. “Nicolas Sarkozy [presidente da França na época do caso dos falsos espiões] detestava-o pela abertura de fábricas em outros países”.

O repórter complementa: “O que o salvou foi um grande esforço de relações públicas que o pintou como um deus no Japão e a Nissan como galinha dos ovos de ouro da Renault. Davam a entender que, se ele saísse do comando, a montadora japonesa não teria mais por que se ligar à francesa – que, baqueada, demitiria então dezenas de milhares”.

Estratégia

Na semana passada, a imprensa europeia noticiou que, em duas ocasiões (2010 e 2017), dirigentes da Nissan e da Renault discutiram a possibilidade de transferir para a folha de pagamento da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi (que assim constituem a maior montadora do mundo) parte da remuneração japonesa de Ghosn. Ou seja: as empresas da parceria tinham conhecimento da intenção do executivo de ocultar uma fatia de seus ganhos.

A Nissan tem, desde a prisão de seu diretor-geral, adotado uma postura pública extremamente hostil a ele, o que alimentou rumores de que tudo não passaria de um complô urdido pela ala nacionalista da montadora para devolver as rédeas da firma a um japonês – Ghosn foi o primeiro estrangeiro a chefiar a gigante.

Na França, a imprensa especula sobre o possível sucessor do brasileiro à frente da Renault. Ghosn não foi demitido, mas sua permanência é tida como insustentável, até para não pôr ainda mais em xeque a relação com a Nissan, vital para os franceses. O nome que surge com mais frequência na lista de potenciais chefes é o de Jean-Dominique Senard, atual presidente da Michelin.

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