Sábado, 20 de abril de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Brasil Apoio político deu força ao fiscal apontado como o líder do esquema da carne

Compartilhe esta notícia:

Daniel Gonçalves Filho, presos da Operação Carne Fraca (Foto: Reprodução)

A casa do fiscal agropecuário Daniel Gonçalves Filho, antigo superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná, sofreu um assalto violento no fim de 2016. Localizada num bairro nobre de Curitiba, a residência, com cinco pavimentos e carros de luxo na garagem, foi invadida por bandidos que renderam a família e gritavam: “Cadê o dinheiro do frigorífico?” Em conversa telefônica interceptada pela Polícia Federal, após ouvir de um colega um relato do episódio, outro fiscal concluiu: “Então é gente que sabe de alguma coisa.”

Preso em caráter preventivo pela PF com a deflagração da Operação Carne Fraca, Gonçalves Filho, 58, foi apontado como líder de um esquema de corrupção que teria cobrado propina de frigoríficos para relaxar na fiscalização das empresas e liberar carne inadequada para consumo.

Chefe da superintendência no Paraná entre 2007 e 2016, o engenheiro agrônomo e zootecnista gostava de apontar como seu padrinho político o deputado Moacir Micheletto (PMDB/PR), morto em 2012. Sua indicação recebeu aval da bancada do PMDB no Paraná, e tinha bom trânsito em prefeituras e no Congresso. “Ele era articulado, conversava com todo mundo”, conta o deputado João Arruda (PMDB-PR). “Ele deve estar no celular de muita gente”, diz outro parlamentar.

Integrante da bancada ruralista, o atual ministro da Justiça, Osmar Serraglio, se referiu a ele em um telefonema grampeado pela PF como “grande chefe”. Algum tempo depois, pediu à então ministra Kátia Abreu (PMDB), ao lado do deputado Sérgio Souza (PMDB-PR), que mantivesse o servidor no cargo. Na época, ele respondia a um processo administrativo, sob acusação de desobediência à lei do servidor público. “Nunca vi uma pressão tão forte para não tirar esse bandido de lá”, afirmou a senadora nesta terça-feira (21).

O fiscal acabou sendo exonerado do cargo em abril de 2016. À Receita Gonçalves declarou altos montantes em dinheiro vivo: no fim de 2015, eram R$ 42 mil. Seus filhos chegaram a manter em casa R$ 252 mil em espécie, segundo as declarações à Receita.

A família teve “um incremento patrimonial desproporcional, lastreado em diversos comportamentos atípicos e substanciais indícios de lavagem de dinheiro”, de acordo com relatório da PF. Em 2012, o fiscal comprou um apartamento para os filhos, avaliado atualmente em R$ 1,1 milhão. No ano seguinte, adquiriu um apartamento na praia de Itapema (SC), avaliado no mercado em R$ 1,4 milhão. Na garagem, tinha uma Mercedes-Benz e um Subaru, adquiridos em parte com dinheiro vivo.

Sua adega, climatizada, ocupa uma parede inteira de sua casa. Segundo os investigadores, os filhos e a mulher de Gonçalves são sócios de pelo menos três empresas, uma delas “aparentemente fictícia”, diz a PF. A mulher, Alice Mitico Gonçalves, e um dos filhos, Rafael Nojiri Gonçalves, estão presos temporariamente, sob suspeita de que tenham usado essas empresas para receber dinheiro de propina.

Em ligações interceptadas pela PF, o filho do fiscal aparece intercedendo para empresas do agronegócio e agendando reuniões em nome do pai, que num episódio chegou a ceder sua senha no sistema interno do ministério para um assessor parlamentar, que pretendia verificar o andamento de fiscalizações.

Outro lado

A defesa do fiscal afirma que “é um exagero” apontar Gonçalves Filho como chefe de organização criminosa. Segundo o advogado Rodrigo Sánchez Rios, a investigação teve origem em acusações de um antigo desafeto de Gonçalves — o fiscal Daniel Gouvêa Teixeira, que denunciou o esquema à PF.

Na operação de busca e apreensão da última sexta (17), a PF não encontrou dinheiro em sua casa. Como os fiscais investigados pela Operação Carne Fraca receberam, segundo a PF.

Asinhas de frango

Conversas telefônicas interceptadas pela polícia sugerem que peças de picanha, calabresa e asinhas de frango foram presenteadas a fiscais em troca de favores na fiscalização, segundo a PF.

Um deles chega a reclamar numa conversa que a qualidade do produto “decaiu muito” e diz que deu um pedaço do que recebeu para o vizinho e para a cunhada.

“Dedos” no isopor

Segundo os investigadores, um funcionário da JBS entregou a um fiscal um isopor com alguns “dedos” – eufemismo para propina, na interpretação dos investigadores. A cena foi fotografada pela PF.

Vinho do Porto

A expressão foi usado numa conversa grampeada pela PF por uma fiscal ao se referir a uma entrega de propina que seria feita para seu chefe, de acordo com a investigação.

Encomenda

O antigo superintendente do Ministério da Agricultura, Daniel Gonçalves Filho, foi grampeado quando acertava com um funcionário da JBS a entrega de uma “encomenda” em sua casa para a PF, era um código para propina.

Depósitos em dinheiro

A PF ainda identificou depósitos em dinheiro na conta de pelo menos seis fiscais agropecuários, de até R$ 5.000 cada um. Alguns somaram R$ 200 mil em depósitos não identificados nos últimos cinco anos. (Folhapress)

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

O preço da carne deve cair de 10% a 15% no Brasil
Trio que matou mulher que esperava filho em frente a colégio é condenado a quase 30 anos de prisão
https://www.osul.com.br/apoio-politico-deu-forca-ao-fiscal-apontado-como-o-lider-esquema-da-carne/ Apoio político deu força ao fiscal apontado como o líder do esquema da carne 2017-03-22
Deixe seu comentário
Pode te interessar