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Mundo Após 15 anos, a esquerda corre o risco de perder eleições no Uruguai

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O candidato da Frente Ampla, Daniel Martínez, tem 29% das intenções de voto. (Foto: Reprodução/Twitter)

Depois de 15 anos no poder no Uruguai, a coligação de esquerda Frente Ampla enfrenta este ano uma eleição difícil e corre o risco de não se reeleger em outubro. Piora em indicadores econômicos, como crescimento e desemprego, e aumento da violência contribuem para o desgaste da coalizão. As informações são do jornal Valor Econômico.

Pesquisa de intenção de voto do instituto Opción Consultores mostra que, no primeiro turno, o candidato da Frente Ampla, Daniel Martínez, tem 29% das intenções de voto. Luis Lacalle Pou, do direitista Partido Nacional, tem 24%, e Ernesto Talvi, do Partido Colorado, de centro-direita, 15%.

O primeiro turno ocorre em 27 de outubro, mesmo dia da eleição na Argentina. Para vencer, o primeiro colocado precisa de 50% mais um dos votos. Num eventual segundo turno, em 24 de novembro, Lacalle Pou teria 49% e Martínez, 41%, segundo a pesquisa.

“Essa é, sem dúvida, a eleição mais difícil para a Frente Ampla desde que chegou ao poder, em 2005”, afirma Thomaz Favaro, da consultoria Control Risks. “Embora o país tenha indicadores econômicos e sociais melhores, em comparação com vizinhos como Brasil e Argentina, o desemprego aumentou, e a violência também.”

Avanços obtidos ao longo dos últimos 15 anos de governo da Frente Ampla — com Tabaré Vázquez no primeiro e terceiro mandatos e com José Mujica no segundo — começaram a ser revertidos recentemente.

É o caso da pobreza, que caiu de 37,5% da população, em 2004, para 7,9% em 2017, mas voltou a subir no ano passado, para 8,1%. O desemprego, que também vinha caindo, subiu no segundo trimestre para 8,4% — o maior nível em uma década.

De maneira geral, a economia do Uruguai está estagnada, afirma Guillermo Tolosa, economista do Centro de Estudos da Realidade Econômica e Social (Ceres), em Montevidéu. O PIB vem crescendo menos do que nos anos anteriores — passou de uma expansão de 3,2% em 2014 para 1,6% no ano passado. Neste ano, o Uruguai deve crescer 0,3%, segundo estimativa da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

“Há uma percepção geral de uma falta de ação por parte do governo, de responder com pacotes e reformas para tentar evitar essa situação e dinamizar a atividade”, diz Tolosa. O investimento privado está fraco desde 2015.

Esse processo de deterioração da economia teve início quando começaram a cair os preços das commodities, o que afetou as exportações do Uruguai, acrescenta Tolosa. No ano passado as exportações caíram 4,8% e neste ano devem crescer apenas 0,6%, segundo a consultoria FocusEconomics.

Para o economista, o atual governo, que é o terceiro da Frente Ampla, contrasta com o primeiro (de 2005-10), que levou adiante uma série de reformas para atrair investimentos e impulsionar a economia. Como a reforma tributária, implementada em 2007, que reduziu o imposto de renda das empresas de 30% para 25%.

Na área de segurança pública, o Uruguai teve em 2018 um dos anos mais violentos da história recente. O número de assassinatos subiu 45,8% ante 2017, elevando a taxa de homicídios para 11,8 por 100 mil habitantes. A taxa é inferior à do Brasil (30,8), mas superior à de Chile (3,6) e Argentina (5,2).

O aumento tem relação com a descriminalização da maconha, que tirou uma fonte de renda importante de grupos narcotraficantes, que agora disputam o controle de territórios e da venda de drogas como cocaína, segundo analistas.

Autoridades alegam ainda que mudanças recentes no Código Penal, como dificultar a prisão preventiva, contribuíram para o aumento dos assassinatos.

Pesa também contra a imagem da Frente Ampla ainda o escândalo de corrupção envolvendo o ex-vice-presidente Raúl Sendic. Ele renunciou em 2017, em meio a acusações de uso de cartões corporativos para compras pessoas de móveis e joias, quando presidia a estatal petroleira Ancap.

“A imagem de que a esquerda uruguaia estava livre de corrupção acabou”, disse Tolosa, ao argumentar que isso se somou à percepção negativa sobre a economia.

“Há um problema que todos os partidos há muito tempo no poder enfrentam”, diz Adolfo Garcé, cientista político da Universidade da República, em Montevidéu. “É muito difícil as pessoas acreditarem que o partido que governa há tanto tempo será capaz de fazer algo diferente do que vem sendo feito. A Frente Ampla é vítima de sua própria gestão.”

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https://www.osul.com.br/apos-15-anos-a-esquerda-corre-o-risco-de-perder-eleicoes-no-uruguai/ Após 15 anos, a esquerda corre o risco de perder eleições no Uruguai 2019-09-15
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