Quinta-feira, 18 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 30 de junho de 2017
Pouco mais de uma semana após os Estados Unidos anunciarem a suspensão da compra de carne bovina brasileira, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, divulgou a informação de que o Brasil também vetou a entrada de lotes do produto importado daquele país. A JBS confirmou que teve “um lote” de carne importada pela companhia foi vetado, mas não informou qual o volume rechaçado.
Na quinta-feira, em discurso para agricultores e políticos no município de Campina Grande (PB), Maggi falou sobre o assunto. “Na semana passada, todos aqui receberam a notícia de que os Estados Unidos suspenderam a nossas plantas (…) de carne. Nós, esta semana, também embargamos mercadorias, carnes dos Estados Unidos (…), principalmente picanhas que chegaram aqui em desconformidade. O Ministério da Agricultura fiscalizou a falou: não está conforme, devolve.” De acordo com ele, 20 contêineres foram vetados.
Maggi confirmou que “de 32 contêineres de carne frescas e miúdos, 20 foram devolvidos por motivos de rotulagem, rastreabilidade e certificação”, mas mudou a versão dada sobre o período do veto. Segundo ele, a recusa de cargas ocorreu antes da suspensão da compra de carne pelos norte-americanos ao produto brasileiro.
“Significa que 62,5% do exportado pelos Estados Unidos para o Brasil teve que retornar àquele país. Vejam que antes do comércio vem a segurança e proteção dos consumidores de ambos os países”, relatou o ministro.
A JBS informou que a devolução de sua carne ocorreu por problemas na rotulagem do produto. Segundo a companhia, não há qualquer problema de sanidade com a picanha importada nem qualquer vínculo entre o veto e a proibição de importação dos Estados Unidos, anunciada em 22 de junho. “A JBS confirma que, por questões técnicas de rotulagem do produto, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento suspendeu a entrada de um lote de carne bovina in natura oriundo dos EUA. A companhia ressalta ainda que o ocorrido não possui nenhuma relação com a qualidade do produto”, relatou, em nota.
Danos à imagem
Para Hélio Sirimaco, vice-presidente da SNA (Sociedade Nacional de Agricultura), a questão agora diz mais respeito ao possível efeito negativo sobre a imagem do Brasil perante outros países importadores do que propriamente a prejuízos financeiros. “Até porque os Estados Unidos não são um mercado relevante para o Brasil do ponto de vista de volume embarcado”, disse.
A Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso), porém, disse ser “inaceitável que haja esse tipo de ineficiência no serviço das indústrias frigoríficas brasileiras”, citando a reação à vacina da febre aftosa, apontada como causa do embargo americano.
Em comunicado, a associação cobrou do Ministério da Agricultura mais rigor sobre os laboratórios, por meio da exigência de melhoramento das vacinas produzidas no Brasil e de exclusão da composição da vacina de agentes considerados desnecessários à imunização do rebanho.