Celebridades Após causar polêmica, padre Fábio pede perdão às mulheres por dizer que na violência doméstica a vítima é culpada
Por Redação O Sul | 28 de junho de 2016
Após o vídeo de um sermão em uma celebração, realizada anos atrás, viralizar na internet e deixar o padre Fábio de Melo no centro de uma polêmica sobre violência, o religioso pediu desculpas pelas palavras usadas na pregação. Depois de afirmar que o “agressor só se torna agressor porque a vítima o autoriza”, ele disse ter sido infeliz na linguagem e afirmou que não pretendeu dizer que a vítima é culpada.
Nesta semana, os internautas resgataram o vídeo (que foi gravado em 2006) e o transformaram no novo viral das redes. Os brasileiros não deixaram o conteúdo passar batido e cobraram explicações do padre através do Twitter.
O sacerdote é conhecido por utilizar as redes sociais com bastante frequência, considerado uma das personalidades mais queridas da web no Brasil.
No sermão, em que o tema era “amor próprio”, o religioso defendeu que no caso da agressão contra as mulheres são elas as responsáveis pela forma como são tratadas pelos seus companheiros.
“As mulheres que são agredidas fisicamente por seus maridos, no dia em que ela recebe a primeira agressão é ela que vai determinar para ele se ele vai ter o direito de agredi-la pela vida inteira ou não, é o jeito como ela olha para ele, não é nenhuma palavra, não é nenhum grito que vai dizer não me bata, mas é o seu jeito de ser mulher”, disse na época.
Os internautas consideraram a pregação machista e reagiram debatendo com ele a questão da violência doméstica. “O silêncio da vítima às vezes é a sobrevivência dela”, rebateu uma internauta.
A feminista Luíse Bello, gerente de conteúdo da ONG Think Olga, referência no debate sobre o empoderamento feminino, classificou as declarações do padre como “muito infelizes”, dada a importância dele como figura pública.
Luíse comentou, ainda, sobre os motivos que fazem as mulheres ter receio de denunciar abusos. “Existe a dependência financeira, a família, o medo.” Mesmo com os motivos que podem levar à omissão, as mulheres são as principais vítimas, na maioria esmagadora, dos casos de violência, seja física, sexual, moral, patrimonial ou psicológica.
Retratação.
Para o padre, a intenção com a afirmação durante o sermão foi destacar a importância da denúncia.
“É muito desconfortável ser promotor do que abominamos, culpar a vítima é abominável, se fui infeliz na linguagem, resta-me retratar. Sempre refleti sobre o risco que uma relação afetiva tem de evoluir para o sequestro da subjetividade. Cresci entre as minorias, nunca me distanciei dos sofrimentos que vi de perto. Por isso faço questão da retratação”, enfatizou o padre por meio de tuítes.
Popularidade.
Muitos de seus fiéis seguidores se disseram desapontados. E não são poucos. O padre é seguido por mais de 2 milhões de pessoas no Twitter. No Facebook, são mais de 6 milhões de curtidas em sua página. Muitos dos vídeos que publica no Snapchat são hilários: ele não trata, usualmente, de religião.
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