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Cinema Aposta do Google, filme sobre terrorismo causa polêmica nos Estados Unidos

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Susan Sarandon em cena de "Viper Cub". (Foto: Divulgação)

Antes de ser apresentado pela primeira vez, no mês passado, no Festival de Cinema de Toronto, “Viper Club”, ainda sem título em português, causou expectativa por representar a entrada decisiva da gigante Google no cada vez mais competitivo mercado de streaming.

Mas o longa estrelado por Susan Sarandon e Matt Bommer, que chega aos cinemas americanos no próximo dia 26 e, a partir do ano que vem, é destaque no novo serviço YouTubePremium, tem tudo para se tornar um marco na discussão em torno do direito de imagem dos cidadãos, sua apropriação por artistas e a função do jornalismo em zonas de guerra.

Dirigido pela americana de origem iraniana Maryam Keshavarz (da equipe de criação da série “Queen sugar”, de Ava DuVernay e Oprah Winfrey) o longa, ainda sem data de lançamento no Brasil, busca retratar realidade cruel: o drama de familiares de sequestrados por organizações terroristas.

Mas a produção acabou no centro de polêmica muito mais delicada do que as querelas entre os gigantes de Hollywood e os chamados insurgentes digitais (como Netflix e Amazon), em disputa por mais e melhores fatias do bolo da lucrativa indústria do cinema. “Viper Club” foi criticado por retratar, e de forma detalhada, a tragédia do americano James Foley, assassinado pelo Estado Islâmico na Síria , em 2014, sem permissão ou consulta aos familiares do jornalista.

O jornalista James Wright Foley (1973-2014) trabalhava como freelancer na cobertura da Guerra Civil da Síria quando foi sequestrado por terroristas, em novembro de 2012. Eles pediram €100 milhões por seu resgate, mas, apesar da intermediação do governo Barack Obama e de várias organizações internacionais, James foi decapitado, em agosto de 2014, tornando-se o primeiro cidadão americano reconhecidamente morto pelo Estado Islâmico.

As imagens, subidas de forma ilegal no YouTube, chocaram o público e, embora tenham sido apagadas pelo serviço, foram reproduzidas na internet. Em aspecto quase surrealista, o YouTube já havia sido criticado por não ter agido rápido o suficiente para impedir que as imagens da decapitação de Foley pelos terroristas fossem exibidas ao vivo na plataforma.

Em Toronto, Diane Foley, mãe de James, comprou seu próprio ingresso: “Para ver minha história na tela”, explicou. De acordo com a presidente da James W. Foley Legacy Foundation, entidade sem fins lucrativos que apoia o jornalismo independente em áreas críticas, diálogos inteiros de que participou foram reproduzidos na tela.

“Mas ninguém entrou em contato comigo ou com familiares de outras vítimas. E o filme estava cheio de mensagens errôneas sobre temas como a negociação de reféns e a segurança de jornalistas em áreas de conflitos”, disse ela.

Ficção ou realidade?

Em “Viper Club” Susan Sarandon vive Helen, uma enfermeira (exatamente como Diane) que sofre com o sequestro por terroristas, na Síria, do filho, um repórter fotográfico (história similar à de James). A trama foca na luta de Helen contra a burocracia pública até ela encontrar uma organização de correspondentes de guerra (como a que James integrava). Esta tenta negociar a libertação do refém, mas ele acaba morto – mesmo destino de James.

Pelas leis americanas, não é necessário pedir autorização para se filmar a história de alguém. Embora isso faça sentido quando se trata de figuras de óbvio interesse para a sociedade civil, como Donald Trump ou Barack Obama, há o risco de se criar conflitos éticos no registro de dramas baseados nas vidas de pessoas que não são públicas.

Diane contou que a gigante da tecnologia ofereceu uma doação de US$ 30 mil para a Foley Foundation, mas ela recusou o montante, pois “aceitá-lo significaria endossar a produção feita sem seu consentimento”.

Nos EUA, o YouTube afirmou em nota que a empresa quis oferecer apoio à Foley Foundation por “reconhecer o valor do jornalismo sério. Temos a maior simpatia por Diane Foley e por todos que foram vítimas ou perderam um ente querido em atos de terrorismo”.

A nota ainda aponta que “o filme é uma obra de ficção inspirada por vários relatos e histórias”. Em entrevista ao “Washington Post”, Maryam afirmou que, entre as inspirações, estão o também jornalista Steven J. Sotlof e a voluntária Kayla Mueller. E que leu dezenas de artigos sobre o tema antes das filmagens.

Diane conversou com Maryam após ver “Viper Club”, mas segue crítica ao filme: A liberdade de imprensa está sob ataque em todo o mundo, e grandes empresas de mídia e tecnologia, como o Google, precisam liderar a produção de conteúdo autêntico para combater a disseminação de extremismo, ódio e notícias falsas”.

 

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