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Por Redação O Sul | 23 de maio de 2017
O procurador Federico Delgado pediu autorização aos juízes responsáveis pelo processo da Odebrecht na Argentina para investigar as ligações telefônicas dos executivos da empresa no país entre os anos de 2006 e 2015. Delgado pretende cruzar essas informações com as obtidas por meio de depoimentos concedidos via teleconferência por delatores brasileiros, como o doleiro Leonardo Meirelles, que acusa o atual chefe de inteligência do governo de Mauricio Macri, Gustavo Arribas, de ter recebido mais de US$ 800 mil (R$ 2,6 milhões) em propinas.
Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, a construtora brasileira teria pagado US$ 35 milhões (R$ 114 milhões) a funcionários do governo argentino durante o período sob investigação. No próximo dia 1º de junho, a lista de nomes dos envolvidos no escândalo da Odebrecht que sejam de fora do Brasil será disponibilizada pela Justiça brasileira aos países envolvidos.
Até lá, a empresa vem tentando, na Argentina, fazer um acordo de colaboração no qual, por meio de informações e de possíveis multas, possa obter permissão para continuar atuando no país. A Justiça argentina ainda avalia essa possibilidade, mas há entraves na legislação do país para tais acordos.
Entre outras obras, vêm sendo investigadas a da linha de trem Sarmiento e a construção de uma estação de tratamento de água no rio Tigre. Pelo período que abrange a investigação, os procuradores estimam que a maioria das propinas tenha sido paga a funcionários da gestão Cristina Kirchner (2007-2015).
Entre os nomes mencionados como suspeitos no momento estão o ex-ministro do Planejamento Julio De Vido e o ex-secretário de Transportes Ricardo Jaime. Porém, em algumas delas, como a do trem Sarmiento, estariam envolvidas empresas que fazem ou faziam parte do grupo Macri, muito ligado à construção.
No caso da estação de tratamento de água, as irregularidades estão relacionadas a aditivos à obra original, que teriam sido concedidos à Odebrecht sem licitação.