Terça-feira, 23 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 7 de julho de 2018
As autoridades tailandesas acreditam ter de três a quatro dias para libertar os 12 meninos presos em uma caverna no Norte da Tailândia. A estratégia é manter o foco na redução dos perigos da operação de resgate até que a chuva ou o ar, cada vez mais tóxico dentro da câmara, obriguem as equipes a agir.
O governador da província de Chiang Rai, Narongsak Osatanakorn, disse neste sábado (7) que a operação para drenar a água ao longo do caminho de 3,2 quilômetros até onde os meninos estão abrigados há duas semanas foi “muito bem-sucedida” e resistiu às chuvas.
“Hoje choveu, mas o nível da água ainda está em uma altura satisfatória”, disse ele. Mas, como observou Osatanakorn, a previsão é de que as chuvas se intensifiquem nos próximos dias e se tornem torrenciais no início da próxima semana, dando aos resgatadores apenas alguns dias para extrair os meninos e seu treinador de 25 anos.
“Os próximos três a quatro dias serão o momento mais favorável para a missão de resgate usando um dos planos de ação “, disse Osatanakorn em uma coletiva de imprensa no local da caverna. “Se esperarmos muito tempo, não sabemos qual nível a água da chuva vai atingir.” Segundo ele, as fortes chuvas da semana passada tiveram o efeito de um “tsunami” dentro da estreita e irregular rede de cavernas onde os meninos ficaram presos em 23 de junho.
Dois fatores determinarão quando uma operação de resgate será montada. O primeiro é a qualidade do ar dentro da câmara onde estão os meninos. E Osatanakorn disse, na sexta-feira (6), que os níveis de oxigênio no local caíram para 15% — abaixo dos níveis saudáveis de 21%.
“Se o nível de oxigênio cair abaixo de 12%, isso afetará o cérebro das pessoas dentro da caverna”, observou. “Eles poderiam entrar em estado de choque.”
O segundo fator é a crescente concentração de dióxido de carbono, exalada pelas centenas de trabalhadores de resgate dentro da caverna. “Não importa quanto oxigênio tenhamos, não podemos sobreviver [com muito dióxido de carbono] porque nosso sangue será intoxicado”, comentou Osatanakorn.
Trajeto de 11 horas
A célula de crise precisa garantir ação rápida. Segundo o governo, os mergulhadores podem levar até 11 horas para resgatar cada adolescente: seis horas para chegar até eles, e mais cinco para voltar — o trajeto de saída tem a corrente a favor.
De acordo com Poonsak Woongsatngiem, funcionário sênior de resgate do Ministério do Interior, o volume de água na caverna já foi reduzido em 40% — numa média de 1,5 centímetros por hora. A intenção é bombear e drenar o suficiente para que as crianças não precisem mergulhar — ou que mergulhem por pouco tempo e com menos risco. No atual estágio, 1,5 quilômetro do trajeto seria a pé, em terreno seco, e os 2,5 quilômetros restantes seriam feitos a nado ou em mergulhos mais rasos.
Mas um boletim médico dos adolescentes, obtido pela rede de TV americana CNN, mostrou que dois dos garotos e o treinador, de 25 anos, sofrem de exaustão e desnutrição, por causa dos nove dias isolados antes de serem encontrados. E três deles têm problemas intestinais, segundo um mergulhador.
“Se você pede a um garoto de 11 anos que faça um mergulho em que um ex-mergulhador da Marinha especializado teria dificuldades, algumas crianças vão morrer”, advertiu, à CNN, o ex-membro de elite da Marinha americana Cade Courtley.
Os receios sobre o resgate fazem a força-tarefa ampliar a busca por chaminés que sirvam de atalho para tirar o time sem mergulhar. Como os meninos respiram normalmente após duas semanas no ambiente, onde o ar é rarefeito, autoridades acreditam ser “muito provável” que haja chaminés ligando a caverna ao exterior. Enquanto isso, o clima é de otimismo entre os garotos, todos fãs de futebol. “Sempre perguntam sobre o Mundial. Disse a eles que as grandes seleções tinham ido para casa”, relatou um socorrista ao jornal britânico “The Guardian”.