Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 22 de junho de 2018
O desembargador João Pedro Gebran Neto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, validou os depoimentos que sustentarão a delação premiada de Antonio Palocci. O acordo foi assinado com a Polícia Federal em abril, mas estava aguardando a validação da Justiça. Agora uma verdadeira nuvem sobrevoa o setor financeiro brasileiro. Saiba o armamento pesado de Palocci contra tudo e todos.
Conexão Angola
Um suposto aumento de crédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para investimentos em Angola. Também revelado na delação de Marcelo Odrebecht, o esquema seria feito para que o BNDES investisse em países com atuação da empreiteira Odebrecht, que, por sua vez, conseguiria contratos naquela localidade.
No caso da Angola, onde há presença da Odebrecht, o valor teria chegado a R$1 bilhão e Palocci teria sido um dos interlocutores junto ao órgão, tentando aprovar as negociações para beneficiar os negócios da empresa. Segundo Marcelo, o valor pago ao ex-ministro pela colaboração teria sido de R$ 64 milhões.
Licitação de navios
Um dos motivos de sua prisão em 2016, Palocci foi acusado pela Lava-Jato de interferir em uma licitação envolvendo a Petrobras. O ex-ministro teria tentado direcionar a compra de 21 navios sonda. Os navios sonda são parte do projeto de exploração da reserva do pré-sal, uma das principais do país.
Compensações para Odebrecht
Um dos casos associados ao ex-ministro é o de uma negociação com a Odebrecht sobre a não aprovação da Medida Provisória 460/2009. A MP geraria uma série de benefícios fiscais e tributários para a empreiteira, que teria fechado um acordo de propina com Palocci para que ele usasse de sua influência para apoiar a aprovação da medida. A mudança, porém, foi rejeitada em veto presidencial.
A partir daí, Palocci teria tentado oferecer uma série de “compensações” em troca dos valores já pagos pela sua colaboração. O petista teria falado com o presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, para que ele sugerisse possíveis maneiras alternativas de beneficiar a empresa após a derrota da MP 460/2009.
Caixa 2
Para o ex-ministro, a eleição de 2014 foi quando “o crime se sofisticou no campo eleitoral”. Em depoimento ao juiz Sergio Moro, ele falou sobre como as empresas teriam percebido que o “problema era o Caixa 2” nas propinas e teriam passado a realizar pagamentos de vantagens indevidas por meio de doações oficiais. Segundo o petista, a origem dos valores era ilegal. Se tratava um esquema onde “a ilicitude está fora do pagamento”, que segundo Palocci “a própria Lava-Jato já desvendou”.
Submarino nuclear
Em outra negociação entre a Odebrecht e o PT, intermediada pelo ex-ministro, o valor de propina teria sido de R$ 40 milhões. Trata-se do caso da construção de um submarino nuclear brasileiro em Itaguaí, no estado do Rio de Janeiro.
Instituto Lula
Palocci estaria envolvido em dois esquemas de propina feitos entre o Instituto Lula e, novamente, a Odebrecht. Um deles envolve a negociação da compra de um prédio para se tornar sede do Instituto, mas que acabou não se concretizando. Operada por Palocci, a compra seria feita pela Odebrecht e envolveria o advogado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Roberto Teixeira, e o pecuarista José Carlos Bumlai. A informação foi revelada após emails serem apresentados como provas por Marcelo Odebrecht.