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Brasil As cidades pequenas registraram mais mortes no trânsito no País

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Mais de 368 mil pessoas morreram em acidentes de trânsito de 2008 a 2016 no Brasil. (Foto: Reprodução)

Acidentes de trânsito nas cidades brasileiras deixaram 368.328 mortos de 2008 a 2016, conforme dados do Ministério da Saúde. Além disso, na última década, 3,1 milhões de brasileiros receberam indenizações por invalidez permanente relacionadas a acidentes, segundo informações obtidas com exclusividade da seguradora Líder, responsável pelo DPVAT.

Os dados revelam uma tendência de interiorização dos acidentes, que migraram para pequenas cidades: ao mesmo tempo em que a taxa de mortes por cem mil habitantes caiu nas metrópoles, acabou disparando nos municípios de até 10 mil habitantes.

O impacto das 368 mil vidas perdidas nas ruas seria suficiente para varrer do mapa toda a população de Vitória, no Espírito Santo. Os jovens são as vítimas mais comuns: 137.891 (37,4% do total) tinham até 29 anos.

Nesse universo, 981 bebês com menos de 1 ano morreram. Hoje, a maior taxa de letalidade no trânsito está localizada nas pequenas cidades brasileiras: de 2008 a 2016, subiu de 18,3 para 20,8 mortos a cada cem mil habitantes nas cidades de até 10 mil moradores, e de 18,2 para 19,2 mortos a cada cem mil habitantes nos municípios que têm de 10 mil a 50 mil moradores. Por outro lado, a taxa caiu de 19,2 para 14,7 mortes por cem mil habitantes nas cidades com mais de 500 mil moradores.

Apesar de uma ligeira redução no número de mortes – caíram de 38.208 em 2008 para 37.301 em 2016 -, os números do Brasil são preocupantes quando colocados em perspectiva mundial. Em 2016, a taxa de mortes em acidentes foi de 18,1 a cada 100 mil habitantes. Segundo estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), com base em dados de 2013, a Argentina registrou 13,6 mortes, enquanto no Chile essa taxa foi de 12,4, e no México de 12,3 mortes por cem mil habitantes. Já em países desenvolvidos, a discrepância é ainda maior: os Estados Unidos registraram 10,6 mortes a cada 100 mil habitantes, o Japão teve 4,7; a Alemanha, 4,3; e o Reino Unido, apenas 2,9.

Especialistas são unânimes em dizer que os esforços da União, estados e municípios são insuficientes para reduzir de maneira expressiva esses índices. Segundo estudo publicado pela Ambev, apenas em 2015 os gastos com mortos e feridos no trânsito tiveram um impacto de R$ 19 bilhões na economia brasileira.

Epidemia

Para Eva Vider, especialista em trânsito e professora da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Brasil vive uma verdadeira calamidade em termos de morte de trânsito.

“A maior causa de acidentes no Brasil é falha do próprio motorista, o que ocorre em mais de 70% dos casos. Isso sinaliza que nós não temos preocupação com a educação de trânsito, e isso não é cobrado do condutor”, disse ao jornal O Globo. “Vivemos uma epidemia. Se o Estado cumprisse com sua parte na educação e fiscalização, esse número absurdo não ocorreria. Mas não vemos nenhum plano de governo nessa linha.”

Ainda segundo a professora, a situação nas cidades menores é mais grave por causa da falta de fiscalização e da composição da frota. “Nessas cidades pequenas do interior, o primeiro veículo que chega depois da bicicleta é a moto. Também falta fiscalização. Se houvesse, com certeza reduziria os acidentes e, consequentemente, as mortes. Nessas pequenas cidades, não tem lei”.

O engenheiro Fernando Diniz, presidente da ONG Trânsito Amigo, também destaca o papel central da fiscalização na prevenção de acidentes. Segundo ele, os recursos empregados na função estão em queda em função da crise econômica que o país atravessa.

“A fiscalização já não é farta e cada vez temos menos agentes porque o país está falido. Sejam agentes municipais, da Polícia Militar ou da Polícia Rodoviária Federal [PRF]. Sem a reposição desse efetivo, também não há aumento dos postos de fiscalização. Não há alocação de recursos para novas viaturas, helicópteros de resgate ou ambulâncias”, disse.

Segundo Diniz, não faltam recursos públicos para a prevenção de acidentes por meio de ações de educação e fiscalização. Ele cita a arrecadação com o seguro DPVAT: apenas em 2017, R$ 295 milhões foram recolhidos e repassados ao Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Para ele, o governo federal deveria aplicar recursos para solucionar o problema, já que os municípios, principalmente os pequenos, não têm condições de atender à demanda crescente, que acompanha o aumento da frota de veículos.

Uma das razões para o aumento do número de mortes no interior do País foi a multiplicação da frota brasileira. Entre 2008 e 2017, o número de veículos em circulação no país cresceu mais de 78%: de 54,5 milhões para 97 milhões.

O aumento foi puxado por motos, ciclomotores e motonetas, que costumam registrar mais acidentes letais. No mesmo período, o número desses veículos dobrou: de 13 milhões para 26,1 milhões.

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https://www.osul.com.br/as-cidades-pequenas-registraram-mais-mortes-no-transito-no-pais/ As cidades pequenas registraram mais mortes no trânsito no País 2018-05-20
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