Armando Burd As palavras soltas

Moro afirma ter provas de que Palocci operou, por baixo, R$ 150 milhões em propinas desde 2006. (Foto: Dida Sampaio/AE)

O pedido para adiar o depoimento ao juiz Sérgio Moro, marcado para amanhã, tem relação direta com os exageros verbais do ex-presidente Lula durante o congresso do PT no final de semana. Usando bom senso, a defesa prefere que baixem as chamas da fogueira. O advogado também espera que a orientação para se conter venha a valer nas próximas manifestações. Parece que não conhece o cliente.

Longe do Essencial

A Câmara dos Deputados quer tornar gravíssima a infração de conduzir veículo destinado ao transporte de passageiros com excesso de lotação. Isso é de competência das Câmaras Municipais. Questões bem mais profundas são deixadas de lado. Exemplos: 1) revisar se os atuais 38 por cento do Produto Interno Bruto recolhidos aos cofres públicos devem ser melhor aplicados; 2) avaliar o peso da máquina administrativa dos governos e tomar iniciativas que conciliem a receita com a despesa.

Além das aparências

Os Estados que hoje estão altamente endividados viveram dias em que anunciavam voar em céu de brigadeiro, sustentados por marquetagem caprichada que, subitamente, saiu do ar. Surgiu o quadro dramático expresso na dívida pública impagável. Arrecadaram impostos de primeiro mundo para devolver serviços à população, digamos, sem mundo.

Inconformidade

Em uma roda de empresários, ontem à tarde, no Centro de Porto Alegre, discutiam sobre o que é pior na burocracia: 1) quando se mostra prepotente com sua máquina poderosa; 2) ao revelar o lado morno e alheio às decisões de níveis superiores, atrapalhando os investimentos e o desenvolvimento.

Passam por cima

A Constituição Federal de 1988, no artigo 37, é clara: “A administração pública direta e indireta de qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.” Não foi o suficiente. A Lei de Acesso à Informação só surgiu em 2011. Alguns setores ainda resistem a admitir a transparência.

Argumento frouxo

Os que são favoráveis ao desarmamento no Brasil alegam que um revólver na mão de proprietário sem treino cria a ilusão de proteção. Basta tornar a habilitação um pré-requisito obrigatório para a venda. Trágico é quando se tem a certeza de que os criminosos continuarão a usar seus instrumentos letais, da manhã à noite.

Elemento surpresa

A 9 de maio do ano passado, o presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão, sem consultar ninguém, aceitou recurso da Advocacia-Geral da União e anulou as sessões de votação do impeachment de Dilma Rousseff. Sob a justificativa de falhas na tramitação, o substituto de Eduardo Cunha determinou que o processo, já no Senado, deveria voltar à Câmara para nova votação. A maioria entendeu como sendo uma farsa.

Proibição

O ministro da Justiça, Armando Falcão, a 9 de maio de 1977, proibiu em todo o Pais “qualquer manifestação coletiva que envolvesse passeatas ou concentrações de protesto em logradouros públicos ou outros tipos de demonstrações que perturbassem a ordem”. A mensagem foi enviada por telegrama a todos os governadores.

Antiga tática

Toda a vez que o Executivo remove barreiras em alguma casa legislativa, via cooptação, a Democracia se enfraquece.

Comparando

Porto Alegre se aproxima de São Paulo. Pelo menos nos congestionamentos do trânsito.

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