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Por Redação O Sul | 18 de abril de 2018
A ANC (Assembleia Nacional Cubana) anunciou nesta quarta-feira (18) o nome de Miguel Díaz-Canel como futuro presidente do país. O anúncio ocorreu no primeiro dia da reunião da Assembleia e comprova que não haverá nenhuma surpresa na transição de governo em Cuba. A ilha se despede da Presidência de Raúl Castro, que em 2008 sucedeu o irmão, Fidel, líder da revolução socialista de 1º de janeiro de 1959.
Mesmo sendo candidato único, o engenheiro Díaz-Canel, de 57 anos, ainda deverá ser confirmado numa votação na quinta-feira. Seu nome deverá ser aprovado pelos 605 deputados que integram a ANC. A Assembleia discutia ainda os 30 outros nomes que vão compor o Conselho de Estado cubano, o organismo executivo da ilha. Raúl Castro manterá sua influência, como primeiro-secretário do Partido Comunista Cubano.
Em Havana, a maior parte da população segue sua vida naturalmente neste momento de troca de governo, mas com algumas expectativas. Muitos sonham que o fim da era dos Castro possa acelerar as mudanças econômicas que a ilha atravessa desde 2008.
Espera-se, por exemplo, que o novo governo possa acelerar a unificação das duas moedas com as quais o povo cubano convive, o que gera grande distorções na vida da população.
“Tomara que as coisas mudem mais rápido agora, e que a vida seja mais fácil para os cubanos”, afirmou Pilar Rodríguez, que vende lanches clandestinamente perto do aeroporto de Havana.
Díaz-Canel e Raúl Castro chegaram juntos à sessão da Assembleia, transmitida pela TV estatal, sob aplausos dos 605 deputados, que foram eleitos em março e tomaram posse hoje. O nome do novo presidente de Cuba só será anunciado oficialmente nesta quinta-feira (19).
A data de 19 de abril, escolhida para a sucessão histórica, corresponde ao 57º aniversário da vitória cubana na Baía dos Porcos, quando foram derrotadas as tropas anticastristas arregimentadas e armadas pelos Estados Unidos que tentaram invadir a ilha e derrubar o governo revolucionário. Cuba a considera “a primeira derrota do imperialismo na América Latina” em 1961.
Raúl Castro, de 86 anos, encerrará uma era em Cuba ao passar o poder a um sucessor mais jovem, 12 anos depois de suceder seu irmão mais velho Fidel Castro, que deixou a Presidência oficialmente em 2008, dois anos depois de se licenciar por razões de saúde, e morreu em 2016. O caçula dos irmãos Castro não renunciará a todas as suas funções. Ele continuará atuando como secretário-geral do PCC (Partido Comunista de Cuba) até 2021.
Díaz-Canel vem sendo preparado para assumir a Presidência da ilha desde 2003, quando tornou-se secretário do partido na província de Holguín. Raúl Castro não o convocou a Havana até 2009, quando ele assumiu o Ministério da Educação. Em 2012, Díaz-Canel tornou-se vice-presidente do Conselho de Ministros. Em 2013, passou a vice-presidente do Conselho de Estado. Foi quando Raúl Castro, num discurso, o apontou como sucessor: “Ele não é um novato ou improvisado”.