Mundo Autoridades norte-americanas garantem saber até mesmo de orgias do filho de Nicolás Maduro, presidente da Venezuela
Por Redação O Sul | 30 de junho de 2019
Na calada da noite, Nicolás Guerra, o “Nicolasito”, aparecia no aeroporto da Ilha Margarita – um dos principais destinos turísticos do país – com embrulhos não identificados. A mercadoria era levada direto para a pista, em caminhonetes e sem qualquer controle, até pequenos aviões da estatal de petróleo PDVSA, com destino a ilhas do Caribe. O personagem em questão tem 29 anos e é filho de ninguém menos que o presidente Nicolás Maduro.
A história foi relatada com detalhes por Sunny Balza Dugarte, ex-capitão do Exército venezuelano, em entrevista ao canal de TV colombiano NTN24. O militar chefiava a unidade militar do aeroporto de Ilha Margarita e hoje é alvo de uma ordem de prisão em seu país. “Isso acontecia a cada 15 ou 20 dias, durante os dois anos em que trabalhei no local”, relatou.
Dugarte revelou que as aeronaves decolavam sem informar o plano de voo. “Por experiência, no entanto, sabíamos que o destino era Martinica, Barbados, Trinidad e Tobago e República Dominicana”, detalha. Nicolasito, segundo ele, promovia também orgias na ilha com mulheres ao lado de assessores, gerentes da PDVSA e comandantes militares.
Na mira
Na última sexta-feira, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos incluiu Nicolasito na lista de alvos de sanções pelo governo americano por envolvimento em censura e enriquecimento ilícito. O secretário do órgão, Steven Mnuchin, afirma que Maduro se apoia em seu filho Nicolasito e em outras pessoas próximas ao seu regime autoritário para manter um estrangulamento na economia.
“Ele também se vale desse esquema para reprimir o povo venezuelano”, prossegue. “Continuaremos a focar em parentes cúmplices do regime ilegítimo que estão se beneficiando da corrupção aplicada por Maduro.”
O fato de o Tesouro dos Estados Unidos aplicar as sanções significa que qualquer investimento em nome de Nicolasito em estabelecimentos norte-americanos será congelado, o que também deve dificultar as transações do filho de Maduro no sistema bancário internacional.
O rapaz também foi proibido de fazer negócios com pessoas e empresas americanas. Os negócios da família, porém, raramente passam pelo sistema financeiro legal. Segundo seus detratores, Nicolasito é “um fenômeno da máquina de empregos chavista”: ele ocupa a chefia do corpo de inspetores da presidência da Venezuela, cargo mais nominal do que com funções práticas.
Atividades
Expediente mesmo, para valer, ele cumpre como deputado na Assembleia Constituinte, órgão criado pelo pai para tirar os poderes da Assembleia Nacional, dominada pela oposição. No Twitter, Nicolasito se define como “economista”, “flautista” e “soldado” do falecido presidente Hugo Chávez.
Pelas mãos do pai, chegou a dirigir uma agência anticorrupção do governo e ocupou a presidência de uma escola de cinema. Hoje, leva uma vida confortável na capital do país, Caracas. Em março de 2015, Nicolasito foi filmado no casamento de José Zalt, um conhecido empresário da moda, dançando enquanto notas de dólares eram jogadas sobre sua cabeça.
Mesmo sem ter o carisma de Chávez, o filho de Maduro costuma arriscar sua reputação em discursos e entrevistas improvisadas. Em julho de 2017, falando ao vivo para o canal Venevisión, ele se enrolou ao tentar culpar a oposição pela onda de protestos violentos contra o pai. “Morreu gente viva”, afirmou.
