Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 1 de dezembro de 2017
Em recente almoço da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) a bancada ruralista do Congresso ficou dividida no apoio explícito ao pré-candidato a presidente da República, deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ).
Por um lado, Bolsonaro agradou a grande maioria dos cerca de 30 deputados presentes ao encontro com um discurso em defesa da liberação de armas de fogo no meio rural. “O MST [Movimento dos Trabalhadores Sem Terra] só leva terror ao campo. Temos que enquadrar invasão de terras como terrorismo. Mais do que liberar armas, tem que liberar fuzis para o homem do campo”, disse Bolsonaro, ao sair do encontro de mais de duas horas.
O deputado também defendeu que se demarquem “pequenas terras indígenas” no País, modelo que foi bem-sucedido durante determinado período da ditadura militar no Brasil, segundo ele. E defendeu que as entidades de classe do agronegócio, “e não partidos”, escolham um nome para ocupar a cadeira de ministro da Agricultura de um possível governo seu.
“O grande problema da ineficiência do País é o sistema de indicações políticas, que leva à corrupção. Se eu tiver que fazer indicação não vou ser [presidente]. Não vou vender minha alma para o diabo”, advertiu o pré-candidato.
“O setor vive uma grande insegurança jurídica no campo hoje, e só esse discurso dele já ganha o setor”, afirmou o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC).
Mas em outra frente, o pré-candidato gerou resistência. “Muitas vezes quando fala sobre segurança pública, ele acaba despertando insegurança sobre a forma com que fará para solucionar os problemas da área”, destacou o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG). “Ele chegou a dizer que os policiais do Rio de Janeiro que mais mataram deviam ser condecorados, mas não é assim.”
Logo após o almoço, Bolsonaro também se mostrou radicalmente contra a polêmica venda de terras para estrangeiros, uma das principais bandeiras defendidas pela bancada ruralista e pelo agronegócio. “Se começarmos a vender terra para estrangeiro vamos colocar a segurança alimentar na mão dos chineses. Não podemos vender terras agricultáveis e entregar solos férteis a estrangeiros”, declarou.
Outros deputados ouvidos pela reportagem também comentaram que Bolsonaro foi genérico ao discorrer sobre economia ou mesmo assuntos afeitos ao agronegócio.
O deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), líder da FPA, foi questionado sobre as críticas reservadas de parlamentares a Bolsonaro. “Na verdade, o importante para a frente é que não estamos escolhendo nosso candidato”, disse. Leitão ressaltou que a frente já recebeu o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito João Doria (PSDB). “Nós utilizamos os pré-candidatos para que eles verbalizem e entendam o sentimento do setor. Eu acho que para isso foi muito bom (o encontro com Bolsonaro). Ele disse que compreende o sentimento do setor e é contra o debate ideológico.”